quarta-feira, 19 de maio de 2010

alicerce do paraíso vol 02

ÍNDICE
Capítulo 1
RELIGIÃO
1.1 – A respeito da religião
Como encarar a Religião..................................11
Religião e mandamentos.........................................13
A lógica em religião.........................................14

1.2 – Missão da religião
Exclusão do temor........................................15
Paz e segurança........................................16
Religião progressista..................................18

1.3 – A religião e o universalismo
A verdadeira religião...............................................20
Religião à luz da verdade (Religião “Daijo”)........................20
A verdadeira religião “Daijo”........................................21
A religião precisa ser universal.................................23

1.4 – Tipos de religião
Práticas ascéticas................................................24
Religião antiga e religião moderna.......................................25
O que é uma religião nova...............................................27
Religiões novas e religiões tradicionais.............................30
Religião e seitas.......................................................31
Religião celestial e religião infernal..............................32
1.5 – Fé
Fé e religião........................................................35
Insensibilidade em relação à fé.................................................36
Fé “Shojo..........................................37

1.6 –Religião e milagre
Benefícios materiais.............................41
Milagre e religião.................................................44
Religião é milagre.....................................................46
Religião é milagre.......................................47
Análise do milagre...........................................50

Capítulo 2
O MUNDO ESPIRITUAL
2.1 – Prefácio
Prefácio do livro “O Mundo Espiritual”................................55

2.2 – A natureza e o Mundo Espiritual
O poder da Natureza.....................................................57
Os elementos fogo, água e solo...................................60

2.3 – Mundo Espiritual
O mundo desconhecido...............................................63
A existência do Mundo Espiritual............................................................64
A situação do mundo contemporâneo
e o Mundo Espiritual.....................................65
2.4 – Constituição do Mundo Espiritual
Mundo Espiritual e Mundo Material...............................68
Constituição do Mundo Espiritual..................................71

2.5 – Atuação do Mal
Atuação dos demônios..............................................84
Derrota do demônio...............................................87
Religião e obstáculo..........................................88

2.6 – Manifestação espiritual
Incorporação.......................................................92
Incorporação e encosto de espírito encarnado....................................93

2.7 – Doença e espírito
As diversas expressões faciais após a morte..................97
Doença e espírito...........................................101
Os japoneses e as doenças psíquicas.........................102

2.8 – Elo espiritual
Elo espiritual..............................................107
A respeito dos sonhos......................................114
2.9 – Origem das calamidades
As três grandes calamidades
e as três pequenas calamidades.............................116
A tempestade é uma calamidade humana.................................120
Considerações espirituais sobre os incêndios..................123
Incêndio e Johrei.....................................125


A RESPEITO DA RELIGIÃO


COMO ENCARAR A RELIGIÃO

Tenho observado que, quando as pessoas analisam a Religião, não compreendem o ponto mais importante: sua posição.
A Religião está acima de qualquer outro valor. A Filosofia, a Moral e a Ciência ocupam uma posição inferior. Entretanto, por ignorância dessa verdade, usam-se expressões como “Religião Filosófica” e outras parecidas, baseadas na interpretação filosófica da Religião, o que é absolutamente errado. Explicar a Religião sob o ponto de vista da Filosofia, é tentar explicar algo que não possui forma através de algo que a possui. A Religião foi criada por Deus, e a Filosofia, pelos homens. A Moral também difere da Religião. Tal como a Filosofia, ela foi criada pelo homem, mas há uma diferença entre ambas: a Filosofia é de caráter ocidental e científico, ao passo que a Moral é de caráter oriental e psicológico. Comparada com a Filosofia e a Moral, a Ciência é muito mais materialista, sendo patente a distância que há entre ela e a Religião. Por todas essas razões, podemos perceber como está errado o conceito que os intelectuais da atualidade têm sobre esta última.
Todavia, se analisarmos mais profundamente, veremos que a Filosofia é o conjunto das teorias criadas pelo homem até hoje, e por isso, quando a comparamos com a Religião, a importância desta revela-se por si mesma. Se tentamos descobrir, através da Filosofia, o ponto mais profundo de uma questão, encontramos barreira e nada conseguimos. Uma prova disso é que, quanto mais pesquisamos através dela, mais confusos ficamos. Uma dúvida puxa outra, e na maioria das vezes não recebemos resposta para as nossas perguntas. A conseqüência é nos cansarmos facilmente da vida, havendo pessoas que chegam ao extremo de pensar que a única solução para tal angústia é o suicídio. Esse é um fato que ninguém desconhece.
Quanto à Moral, não se pode negar que tem contribuído muito para o bem da sociedade. Entretanto, embora ela tenha surgido com o objetivo de melhorar a conduta do homem por meio de códigos, não conseguiu dominar-lhe totalmente o espírito, pois também nasceu do cérebro dos intelectuais. No antigo Japão, talvez fosse possível aceitá-la, mas hoje em dia, tendo a Moral caráter oriental e estando tudo dominado pela cultura ocidental, ela já não consegue convencer as pessoas e, obviamente, tende a desaparecer.
A respeito da ciência materialista, que nós sempre criticamos, não há necessidade de maiores comentários. Atualmente, falar em cultura é o mesmo que falar em Ciência; interpreta-se progresso cultural como progresso científico. É duvidoso, porém, que o homem tenha se tornado mais feliz com o progresso da Ciência. Ao contrário, somos levados a pensar que a infelicidade cresceu proporcionalmente a ele. Ante a terrível ameaça de guerra nuclear que paira sobre a humanidade, não é preciso dizer mais nada.
Evidentemente, o desejo dos homens, excetuando-se uma parte, é alcançar a felicidade. A expansão e o progresso da Ciência também têm esse objetivo. Mas é muito triste constatar que na realidade acontece justamente o oposto. Urge, portanto, averiguar a causa disso.
Se a Filosofia, a Moral e a Ciência, como acabei de expor, não têm força suficiente para resolver o problema, o que é que poderá resolvê-lo a não ser a Religião? Certamente, os intelectuais têm consciência do fato, mas na verdade, enquanto o consenso geral tomar como padrão as religiões tradicionais, acho que o problema continuará sem solução. Dessa forma, não é possível prever quando se concretizará a felicidade do ser humano. Vemos, pois, que são muito sombrias as condições da sociedade atual.
Todavia, neste mundo resignado, apareceu a nossa Ultra-Religião, com enorme poder salvador. Talvez seja difícil aceitá-la, pois ninguém poderia imaginar uma religião semelhante, mas o fato é que não se pode negar aquilo que é evidente. Uma vez conhecendo a sua verdadeira essência, como os cegos que experimentam a alegria de ver a luz, todos despertarão. A prova do que dizemos está nos relatos cheios de alegria que enchem as nossas publicações. Por isso, aqueles que desejam a verdadeira felicidade, façam uma experiência, entrem em contacto com a nossa Igreja! Por mais saborosa que seja uma comida, é impossível avaliarmos seu sabor apenas ouvindo explicações sobre ela ou olhando-a; antes de mais nada, é preciso prová-la. Tenho a certeza de que todos ficarão satisfeitos com o sabor jamais experimentado até então.
29 de abril de 1950


RELIGIÃO E MANDAMENTOS

Assim como a Política, as religiões também podem ter características liberais ou despóticas. A maioria das religiões tradicionais é do segundo tipo. Os inúmeros mandamentos que possuem, preconizando o que deve ser feito, comprovam-no. Elas são de caráter “Shojo”, ao contrário da Igreja Messiânica Mundial, que é de caráter “Daijo”, liberal, e que quase não tem mandamentos.
Os mandamentos religiosos assemelham-se às leis da sociedade. É falso que os homens só conseguem conter o mal pela força da Lei. Se um homem for realmente íntegro, esteja ele onde estiver, mesmo num local onde não haja leis moderadoras, jamais praticará o mal, porque é um homem verdadeiro. Os mandamentos constituem as leis das religiões. Caso só se consiga um comportamento bom e correto por meio deles, é porque a Fé professada não é verdadeira. Apesar dessa observação, sabemos que no tempo dos homens primitivos e selvagens, sendo bem precária a inteligência humana, não havia condições de se compreender realmente a Religião. Por isso foi necessário prevenir o mal através dos mandamentos.
Está claro, pois, que a religião de uma época altamente civilizada, na qual os homens conseguirão evoluir a ponto de compreenderem profundamente a Vontade Divina, prescindirá dos castigos estabelecidos pelos mandamentos. Ela será de fato uma religião capaz de construir o Paraíso Terrestre, mundo de autêntica e eterna paz.
17 de dezembro de 1949


A LÓGICA EM RELIGIÃO

O critério para distinguirmos se uma religião é ou não é boa e correta, o método mais simples e que apresenta menos margem de erros, consiste em averiguar se ela é de natureza lógica ou ilógica. Nesse ponto, as religiões mediúnicas são perigosas; entretanto, não estou dizendo que todas elas devam ser evitadas. Na verdade, entre os fundadores de religiões que hoje são consideradas grandes, muitos eram médiuns. Mesmo se tratando de religiões mediúnicas, cada uma é boa ou má de acordo com a sua própria natureza. Sendo assim, para distinguir as religiões, o melhor é começar a analisá-las pelo senso comum.
23 de julho de 1949


MISSÃO DA RELIGIÃO


EXCLUSÃO DO TEMOR

Conforme venho repetindo, o objetivo de nossa Igreja é a salvação da humanidade. Em poucas palavras, significa eliminar toda espécie de temor da sociedade humana.
Evidentemente, os maiores temores do homem vêm a ser o da doença, o da pobreza e o dos conflitos. Dentre os três, o pior, indiscutivelmente, é o temor da doença; nada tão ameaçador para o ser humano. Certamente, durante sua vida, ninguém consegue livrar-se dessa ameaça. Com o progresso da civilização, ao invés de diminuir, ela tende até a aumentar. O segundo temor é a pobreza, geralmente motivada pela própria doença.
Atualmente, julga-se que quase todas as doenças são causadas por vírus. A doença nunca foi tão temida como nos dias atuais, motivo pelo qual estão se tomando as medidas consideradas adequadas, tais como atestados de saúde, vacinação e radiografias, entre outras. Todas as organizações criadas para evitar as doenças, ou seja, centros de saúde, hospitais públicos e particulares, etc., dispõem de muitos recursos, e é realmente grande o sacrifício do povo para sustentar as incalculáveis despesas e o trabalho dispendido.
A vultosa quantia empregada no tratamento de uma doença e o prejuízo sofrido com a impossibilidade de trabalhar, principalmente quando o enfermo é o chefe da casa, acarretam as maiores dificuldades econômicas para os seus familiares. Isso constitui uma das principais causas do surpreendente aumento de crimes que vêm sendo cometidos após a guerra. Naturalmente esse fato não deixa de ser conseqüência da guerra, cujos danos são passageiros; a doença, no entanto, assume maior gravidade, por ser permanente.
A agitação por que a humanidade passa, atualmente, revela a intensidade do seu temor à guerra. Isto porque as relações entre os países tendem a se agravar. Até hoje, o homem viveu num mundo de sofrimentos ininterruptos. Entretanto, como a existência de Deus é uma realidade, Seu incomensurável amor não permitirá que a humanidade permaneça por longo tempo nessa condição. Indubitavelmente, esta época de agonia terá um fim, para dar lugar ao magnífico Paraíso Terrestre. Estamos absolutamente convictos disso e, imbuídos de tal convicção, prosseguimos com fé inabalável. Que outro sentido poderia ter a profecia de Jesus sobre o advento do Reino dos Céus a não ser a predição desse acontecimento? Por essa razão, estou convencido de que a verdadeira missão da Religião é eliminar os três grandes temores aqui citados.
7 de janeiro de 1950


PAZ E SEGURANÇA

As pessoas acham que as expressões “paz” e “segurança” limitam-se apenas ao espírito, mas esse modo de pensar constitui um grande erro, uma vez que, para obtermos a verdadeira paz e segurança, não podemos excluir a matéria. Pensem bem: se houver uma que seja das três grandes desgraças – doença, pobreza e conflito – onde estará a paz? Quando as pessoas estiverem certas de que, durante toda a sua vida, não terão preocupações com doenças, não ficarão pobres, nem haverá possibilidade de se envolverem em conflitos, aí sim, elas terão a verdadeira paz e segurança. Entretanto, no mundo contemporâneo, possuir essas três condições ao mesmo tempo não passa de utopia. Diríamos que provavelmente não existe uma pessoa sequer, no mundo inteiro, que possa afirmar possuí-las.
Observando este mundo, logo percebemos que nada ocorre conforme desejamos; as coisas más acontecem incessantemente, e as boas, só de vez em quando. O mundo em que vivemos é a própria imagem do inferno.
No que se refere à saúde, por exemplo, não sabemos quando vamos ficar doentes. Um simples resfriado pode acabar logo, como também perdurar e gerar uma doença terrível. Portanto, não podemos estar despreocupados, pensando que um resfriado não é nada. Como diz a Medicina, os vírus estão em toda parte, e por isso é impossível saber quando vamos contrair uma doença contagiosa ou a que hora um bacilo vai nos atacar. Conseqüentemente, as autoridades são muito exigentes em matéria de higiene, aconselhando-nos a conservar a limpeza, não comer nem beber em demasia, fazer gargarejo ao voltar da rua, lavar as mãos antes das refeições, tomar cuidado com os alimentos e outras medidas semelhantes. São tantas as advertências, que até ficamos saturados. Levar tudo isso em consideração é o mesmo que viver sob a constante ameaça de todos os tipos de perigos.
Quanto à pobreza e aos conflitos, na maior parte dos casos provêm de problemas financeiros, que se originam do desequilíbrio entre o espírito e a matéria. Assim, é óbvio que, se não conservarmos o espírito e o corpo sadios, jamais conseguiremos a tranqüilidade absoluta. Talvez as pessoas achem impossível consegui-la; contudo, se pudermos realmente obtê-la, não será uma maravilhosa Graça do Céu? Eu afirmo, sem qualquer sombra de dúvida, que é possível alcançar essa Graça.
10 de dezembro de 1952


RELIGIÃO PROGRESSISTA
Observando atentamente a sociedade atual, constato que tudo progride rapidamente; não há nada que não esteja acompanhando esse progresso. Entretanto, por incrível que pareça, a Religião, entidade que tem a mais profunda relação com a humanidade, continua da mesma forma, não apresentando nenhum progresso. Pelo contrário. Como prova, as religiões tradicionais nos ensinam a voltar ao início, ao ponto de partida dos seus fundadores. Ora, se devemos voltar à origem, é porque saímos do caminho certo; caso o fato se repita várias vezes, não progrediremos nada, ficando em total desacordo com a cultura. Tais religiões nos mostram isso claramente na medida em que perdem o poder de atrair pessoas e teimam em permanecer na situação em que se encontram.
De fato, todas as religiões que existem, sofreram perseguições e pressões na época de sua fundação. Podemos mesmo dizer que esse é o destino de toda religião nova. Apesar disso, com fôlego renovado, expandiram-se vigorosamente, passando por épocas maravilhosas. A verdade, porém, é que, com o tempo, a maioria das religiões tende a estacionar. Vamos analisar por que isso acontece.
Sem dúvida alguma, as religiões entram em decadência por não acompanharem a marcha do tempo. Quando cumprem rigorosamente os ensinamentos do seu fundador, considerando-os como as mais sublimes e importantes determinações, mas não dão atenção a outros fatores, tornam-se anacrônicas. Como a brecha vai ficando cada vez maior, passam a ser acusadas de incapazes, conforme está ocorrendo atualmente.
Se todas as coisas estão sujeitas à Lei de Causa e Efeito, faz-se absolutamente imprescindível que as religiões tradicionais reflitam muito sobre o assunto, pois não há motivos para elas continuarem eternamente transcendentais. Um dos princípios básicos de nossa religião é que tudo deve progredir e acompanhar o tempo. Essa é a razão pela qual não damos atenção às formalidades das religiões tradicionais, dispensando o tempo e os gastos que elas requerem. Na realidade, as formalidades não trazem benefício algum. Assim, não há motivo para as divindades ficarem contentes com elas.
Em face do que dissemos, a missão da verdadeira religião é dar orientações no sentido de melhorar, cada vez mais, a vida do homem atual. Resumindo, só uma religião progressista poderá realmente salvar a humanidade.
5 de novembro de 1950



A RELIGIÃO E O UNIVERSALISMO

A VERDADEIRA RELIGIÃO

A verdadeira religião deve fundamentar-se no universalismo. Não será verdadeira se for limitada a um país, povo ou classe, porque tal limitação provoca disputa de poderes, o que contraria a própria essência das religiões, cuja missão é eliminar conflitos e promover a paz. Qualquer hostilidade significa afastar-se do objetivo da Religião. Por isso, é estranho que a História registre tantas lutas religiosas.
Chamamos “Shojo” a religião limitada, e “Daijo”, a de objetivos universais. Logo se vê que só esta última pode ser considerada verdadeira.
5 de novembro de 1949


RELIGIÃO À LUZ DA VERDADE
(RELIGIÃO “DAIJO”)

Embora se saiba que existe a classificação “Daijo” e “Shojo” referente às religiões – classificação usada principalmente no budismo – até nossos dias ainda não foi divulgada uma explicação radical sobre o assunto. Procurarei expor o meu ponto de vista.
Resumindo, “Daijo” significa Natureza e refere-se às atividades de criação e desenvolvimento de todas as coisas existentes no Universo. Portanto, “Daijo” abrange tudo, nada lhe escapa. De acordo com este sentido, falarei não sobre o “Daijo” búdico, mas sobre o “Daijo” universal. Isto é, não somente Religião, Filosofia, Ciência, Política, Educação, Economia e Arte, mas também a guerra e a paz, o bem e o mal.
Podemos observar uma ordem natural nas atividades de todo o Universo. Considera-se realmente homem o indivíduo que reconhece a obediência à ordem como fator natural do progresso. Por essa razão, o desvio da ordem acarreta, infalivelmente, obstáculos, estacionamento ou destruição. A obediência ou a desobediência à ordem constrói ou destrói, e a realidade mostra que no mundo sempre tem ocorrido construção e destruição. As religiões podem servir como exemplo. Embora os homens as condenem, tachando-as de supersticiosas ou heréticas, elas progredirão se forem necessárias à humanidade; caso contrário, submeter-se-ão à seleção natural. Devemos confiar até certo ponto na ação da Natureza. Se as religiões tiverem realmente vida e valor, a perseguição humana contribuirá para o seu progresso. Temos um exemplo vivo no cristianismo. Quem objetará contra a sua predominância atualmente, apesar da crucificação do seu fundador?
O homem moderno possui uma visão demasiadamente estreita e curta, cujo erro, creio eu, deve ser analisado seriamente.
25 de outubro de 1949


A VERDADEIRA RELIGIÃO “DAIJO”

É do conhecimento de todos que há religiões de caráter universal e outras de caráter restrito. As opiniões dos religiosos e filósofos a esse respeito são extremamente ambíguas e quase se acham desviadas da Verdade. Portanto, exponho o assunto, aqui, de maneira mais clara.
Primeiramente, precisamos conhecer a natureza de todas as religiões existentes no mundo. Elas diferem entre si, possuindo suas próprias formas e meios doutrinários, baseados nos princípios dos respectivos fundadores. Basta uma simples reflexão para sentirmos o absurdo da existência de seitas, com características próprias, dentro de religiões consideradas universais, como o budismo, o cristianismo e, no Japão, o xintoísmo.
Pensemos no que vem a ser a Religião. Se ela tem por princípio, como sabemos, o amor fraternal e o espírito de conciliação e paz, todas as religiões devem possuir um único objetivo. Não seria sensato, portanto, estabelecer unidade nos sistemas doutrinários? A separação influi na ideologia da humanidade, tornando-se uma das causas da confusão social. Como a força dos que estão ao lado da Religião, ou seja, do bem, é dispersada, os homens perdem, também, a resistência contra o poder do mal.
A realidade mostra freqüentemente a vitória do mal. No fim, Deus vencerá, por ser onipotente, mas imaginemos a luta que terá de ser travada pelo bem. Como o mal é prepotente e controla quase tudo, fica à espreita, aproveitando a menor oportunidade para influenciar-nos. Parece que as conhecidas relações entre Cristo e Satanás, e entre Buda e Daiba (Devadatta), não sofreram nenhuma modificação até a presente data.
Vemos, portanto, que a Religião precisa ter maior poder que o mal; do contrário, não conseguirá transformar este mundo num mundo feliz, onde triunfe o bem. Somente assim haverá unidade religiosa, dando lugar a um mundo de felicidade, isento de inquietações.
Será uma obra difícil, mas não impossível. Isso, porque está próximo o advento do Paraíso Terrestre, que é o objetivo de Deus. A condição básica para a sua concretização é substituir o espírito restrito pelo universal, ou melhor, desenvolver uma superatividade cultural que abranja todos os setores: Religião, Ciência, Política, Economia, Arte, etc. É também necessário que, para desempenhar a função de liderança, apareça um gigante com poder e sabedoria sobre-humanos.
6 de janeiro de 1954
A RELIGIÃO PRECISA SER UNIVERSAL

Não adianta uma religião ter todas as condições; se não tiver base universal, não será uma religião verdadeira. Caso ela se restrinja a uma nação ou povo, ocorrerá aquilo que vemos no mundo atual: surgirão motivos para conflitos. Cada qual se orgulhará da superioridade da sua religião e rebaixará as outras, acabando por haver atritos. Pode acontecer, também, que as religiões sejam utilizadas na política governamental. A exploração exagerada do xintoísmo pelo exército japonês, durante a Segunda Guerra Mundial, e as Cruzadas da Europa exemplificam o que estamos dizendo.
Os exemplos não são poucos, e a causa está no fato de que as religiões se restringiam a determinados povos. Mas não havia outro recurso, pois, naquela época em que a civilização ainda estava engatinhando, não existiam os rápidos meios de transporte que existem atualmente, e as relações internacionais estavam limitadas a pequenas áreas. Hoje, tudo se tornou mundial e internacional, e as religiões também deveriam seguir esse caminho. É por isso que passamos a chamar nossa Igreja de Igreja Messiânica Mundial, e não mais de Igreja Japonesa, como antes.
11 de fevereiro de 1950



TIPOS DE RELIGIÃO

PRÁTICAS ASCÉTICAS

Desde a antigüidade, a fé e as práticas ascéticas são vistas pelo povo como se tivessem íntima relação entre si.
As práticas ascéticas tiveram origem no bramanismo, que predominava na metade da antiga Índia, antes do nascimento de Sakyamuni (Buda). A pintura e a escultura “Arhat” revelam a crueldade dessas práticas. Por exemplo: os praticantes suspendiam algo só com um braço, sentavam-se entre a bifurcação de dois galhos, ou chegavam ao cúmulo de praticar o “Zazen” (meditação profunda, com as pernas cruzadas) sentados numa tábua cheia de pregos. Houve religiosos que se mantiveram anos seguidos na mesma posição. Eles acreditavam que, perseverando em tais sofrimentos, conseguiriam atingir a Iluminação, ou melhor, sentir-se-iam iluminados.
É muito famoso o martírio de Dharma, o qual abraçou a Verdade no momento em que se sentiu profundamente iluminado pelo luar, que ele estava contemplando numa noite de prática ascética. Segundo a tradição, Dharma não tem pernas porque elas ficaram atrofiadas, deixando de funcionar durante os nove anos que ele passou sentado diante de uma parede, em estado de meditação.
Dizem que ainda há muitos ascetas brâmanes na Índia, os quais chegam a operar milagres. A meditação do falecido Rabindranath Tagore, nas profundezas de uma floresta, e o jejum praticado diversas vezes por Mahatma Gandhi devem ser práticas ascéticas brâmanes.
A ascese era amplamente praticada na época em que surgiu Sakyamuni. Não contendo sua compaixão por aqueles que se entregavam ao martírio da autotortura, ele pregou a possibilidade de qualquer pessoa tornar-se mais iluminada através da leitura das escrituras búdicas. Emocionado com a eminente virtude de Sakyamuni, o povo hindu fez dele objeto de adoração. Assim, pela lógica, os budistas que praticam a ascese estão contrariando as boas-novas de Sakyamuni.
Não posso concordar com os religiosos japoneses que ainda persistem nas práticas ascéticas brâmanes. Isto porque os fiéis da nossa Igreja abraçam a Verdade, seguem o Caminho e conseguem cumprir sua missão sem fazer prática ascética de espécie alguma.
25 de janeiro de 1949



RELIGIÃO ANTIGA E RELIGIÃO MODERNA

Embora simples, os princípios religiosos utilizados por mim na obra salvadora que venho empreendendo, diferem grandemente dos princípios religiosos existentes até hoje.
Os antigos fundadores ou pregadores de religiões adotavam a frugalidade na alimentação, vestiam-se sumariamente e levavam uma vida simples. Para se aperfeiçoarem, faziam penitências, permanecendo isolados em montanhas quase inacessíveis, debaixo de cascatas (ato considerado purificador), lendo os livros sagrados dia após dia.
Dessa maneira, entre Verdade, Bem e Belo, este último era negligenciado. Poucos religiosos se interessavam pelas artes. O milagre era vagamente conhecido; entretanto, eles tinham especial consideração pelos princípios dos livros búdicos, apreciavam as formalidades e as celebrações religiosas e procuravam salvar a humanidade unicamente com a pregação.
Essa análise limita-se ao budismo. Tomei-o como exemplo porque o xintoísmo e o cristianismo são religiões modernas. Deixo de fazer referência ao antigo xintoísmo, anterior à introdução do budismo, porque quase não consta da História nem da tradição.
O trabalho que estou realizando, é bem diferente do que era feito pelos antigos. Em primeiro lugar porque, objetivando o mundo isento de doença, pobreza e conflito, proclamei, audaciosamente, a construção do Paraíso Terrestre, o que já é suficiente para evidenciar a grande diferença entre a Igreja Messiânica Mundial e as demais religiões.
Como primeira meta para atingir o nosso objetivo, estamos libertando o homem do seu maior inimigo – a doença – e os resultados são cada vez mais evidentes e indiscutíveis. A condição fundamental para a concretização do Paraíso Terrestre, é ser saudável de corpo e alma, o que, por sua vez, elimina a pobreza e o conflito. Os fiéis da nossa Igreja estão trabalhando dia e noite, unidos por esse princípio. Assim, a construção do Paraíso Terrestre, longe de ser um mero ideal, é uma realidade que está apresentando surpreendentes resultados.
Projetamos o protótipo do Paraíso Terrestre escolhendo locais maravilhosos, em Atami e Hakone, onde estão sendo edificados magníficos edifícios e jardins. Com a conclusão dessas obras, pretendo mostrar ao mundo a sublimidade e formosura do Supremo Céu. O Paraíso Terrestre pode ser considerado, essencialmente, o Mundo da Arte, razão por que a nossa Igreja confere às manifestações artísticas uma atenção toda especial.
Paralelamente à marcha do Plano Divino, pretendo publicar projetos mais recentes, elaborados sob a Orientação de Deus, os quais abrangem Política, Economia, Educação, etc. Através deles, os leitores poderão reconhecer a magnitude dos objetivos da Igreja Messiânica Mundial.
9 de julho de 1949



O QUE É UMA RELIGIÃO NOVA

Atualmente, em vários setores sociais, fala-se sobre o tema Religião Nova, sendo ele também abordado, com muita seriedade, em jornais e revistas. Isso é bastante animador. Observamos, entretanto, que esses órgãos de comunicação consideram nova uma religião apenas porque ela surgiu recentemente, sem se interessar pelo seu conteúdo. E é muito triste constatar que até mesmo as pessoas que fazem parte de tais religiões pensem assim.
A propósito, devo dizer que não tem sentido uma religião apresentar-se com o nome de nova e seu conteúdo não corresponder a essa designação. Se a religião apenas mudar ou acrescentar, de acordo com o entendimento do seu fundador, algumas interpretações ou sentidos às palavras que há muito tempo vêm sendo ditas em livros ou ensinamentos muito conhecidos, revelados pelo fundador de uma religião antiga, não se poderá dizer que ela é uma religião nova. Aliás, conservando as mesmas formas e construções e chegando ao ponto de aconselhar a volta aos ensinamentos desse fundador, ela se distancia cada vez mais da época atual. É impressionante haver quem não ache estranho esse procedimento. Se tivermos de lidar com pessoas inteligentes, de nível cultural elevado, principalmente entre a camada jovem, certamente elas não aceitarão uma doutrina cheirando a mofo. Assim, podemos dizer que, atualmente, a maioria dos seguidores das religiões tradicionais são arrastados apenas pelas tradições e costumes.
Quanto às religiões novas, seus adeptos ingressam nelas à procura de algo novo; parece, todavia, que os crentes verdadeiramente firmes são muito poucos. Por conseguinte, para fazermos com que o homem da atualidade creia sinceramente, é preciso oferecer-lhe uma teoria baseada na razão e acompanhada de insofismáveis Graças Divinas; caso contrário, de nada adiantará tentar convencê-lo. Diante de tudo isso, é muito natural ser efêmera a fé daqueles que seguem uma religião apenas como seguem a moda.
Não quero dizer que o homem contemporâneo seja destituído de sentimentos religiosos, mas, observando a realidade que nos cerca, constatamos que não existem muitas religiões nas quais possamos crer. Se houvesse alguma, quase todos, indubitavelmente, a procurariam; não a encontrando, as pessoas tornam-se descrentes, por não terem outra alternativa. Uma vez que a Ciência é mais compreensível, pelo fato de ser concreta e satisfazer os desejos humanos, essas pessoas apóiam-se nela naturalmente. Por isso eu acho que não podemos censurar os descrentes.
Analisemos a questão:
Como, inúmeras vezes, nem a Ciência, na qual têm tanta confiança, nem a própria Religião conseguem resolver-lhes os problemas, as criaturas ficam num dilema. Entre os intelectuais, alguns, não podendo prever os acontecimentos futuros, passam a duvidar; outros, sentindo-se fartos da vida, perdem o gosto de viver ou vivem apenas para o momento presente; outros, ainda, em melhores condições financeiras, procuram mais divertimentos. Além disso, a crença de que não mais aparecerá um líder na história religiosa também contribui para o desespero das pessoas. Algumas estão quase desistindo, quase desligadas da realidade, pesquisando doutrinas ultrapassadas. Essa é a realidade da época em que vivemos.
O pensamento do mundo atual está totalmente confuso, não se encontrando uma saída. Contudo, em meio desta confusão, repentinamente surgiu a Igreja Messiânica Mundial, que, com muita coragem, pretende alertar todos os setores da cultura tradicional, apontar um por um de seus erros e mostrar como deve ser a verdadeira civilização. Como essa grande força de atuação já está sendo manifestada continuamente, podemos afirmar, sem nenhuma parcialidade, que ela é o assombro do século XX. Tal afirmação fundamenta-se naquilo que sempre digo: o mundo, até agora, estava na Era da Noite, iluminado unicamente pela fraca luz da Lua, mas surgiu a luz do Sol, e todas as coisas desnecessárias e prejudiciais que estavam encobertas começaram a aparecer abertamente. Eis o significado da expressão “Luz do Oriente”, usada pelos antigos. Atualmente, estamos atravessando a fase da aurora; com o passar do tempo, o Sol se levantará até o centro do Céu e iluminará o mundo inteiro. Por esse motivo, as teorias que venho divulgando, desconhecidas por todos até o momento, causam espanto e até muitos mal-entendidos.
Como o mundo esteve durante longo tempo na Era da Noite, não é de se admirar que os olhos tenham se acostumado à escuridão e fiquem ofuscados ante a repentina revelação da Cultura do Dia. Existe, no entanto, um problema: uma vez chegado o Mundo do Dia, Deus aproveitará da Cultura da Noite apenas as coisas úteis, não havendo outro recurso senão eliminar as inúteis. Além do mais, sendo a luz do Sol sessenta vezes mais clara do que o luar, até as doenças não identificadas ou consideradas incuráveis serão facilmente solucionadas. Os fatos reais evidenciados diariamente através do Johrei de nossa Igreja mostram isso muito nitidamente. Falando com mais clareza, assim como a Lua perde seu brilho ante o esplendor do Sol, também a civilização sofrerá uma grande transformação.
Com o que acabo de dizer, creio que poderão entender a grandiosidade dos empreendimentos da Igreja Messiânica Mundial.
8 de abril de 1953

RELIGIÕES NOVAS

E RELIGIÕES TRADICIONAIS

Quando analiso o comércio da atualidade, observo que existem dois tipos de lojas – as novas e as tradicionais. As primeiras são dinâmicas, objetivando expandir-se amplamente, mas ainda não ganharam plena confiança do povo, pois este desconhece a qualidade das suas mercadorias, não sabendo se os preços são razoáveis. Preocupadas, as pessoas compram nelas apenas a título de experiência, ou para atender às suas próprias necessidades. Entretanto, se a loja é tradicional, merece absoluta confiança dos fregueses. Para eles, sendo artigos dessa loja, por certo são bons. Ao invés de comprar na incerteza, em outros locais, preferem ir a um lugar de confiança, ainda que seja mais distante. No caso de uma compra de certo vulto, é certo dirigirem-se às lojas tradicionais, pelo nome que elas possuem, conseguido através de um longo tempo de vendas. Em face disso, as lojas novas empenham-se arduamente para atrair pelo menos algumas pessoas acostumadas a comprar nas casas tradicionais. Trata-se de uma situação que todos conhecem, e por isso dispensa maiores comentários.
Interessante é que no campo religioso ocorre o mesmo. O aparecimento de uma nova religião ainda é cercado de dificuldades maiores que o das pequenas lojas comerciais. De imediato, ela é tachada de supersticiosa e maléfica, ou até mesmo de trapaceira. É realmente cruel. Existem, sem dúvida, muitas religiões novas às quais se possam atribuir esses adjetivos, mas, de vez em quando, aparecem religiões verdadeiras. Também não podemos esquecer que todas as religiões respeitadas atualmente já foram novas; com o passar do tempo é que elas ganharam tradição. A loja nova, esforçando-se para oferecer preços e mercadorias equivalentes aos das lojas tradicionais, acaba tornando-se uma delas. Sendo assim, é errado tachar de trapaceiras e maléficas todas as religiões que surgem.
Pelos motivos expostos, creio que o primeiro dever das pessoas que criticam as religiões novas é analisá-las bastante, para poderem classificá-las de “boas” ou “más”. Só depois é que devem escrever a seu respeito.
30 de março de 1949



RELIGIÃO E SEITAS

As religiões estão subdivididas em seitas. O cristianismo, por exemplo, entre outras seitas, subdivide-se em catolicismo e protestantismo, que se destacam sobre as demais. Quanto ao budismo, só no Japão existe o Shingon, Jodo, Shinshu, Zen, Nitiren e outras, as quais, por sua vez, também estão subdivididas; atualmente, há cinqüenta e oito subseitas. No xintoísmo, excetuado o Shinto de Templo, há treze seitas principais: Taisha, Mitake, Fusso, Missogui, Tenri, Konko, etc.
A subdivisão das religiões parece ilógica, mas vejo o caso da seguinte maneira: será que a causa não está nos cânones? Isto porque tanto a Bíblia como os preceitos búdicos contêm muitos pontos incompreensíveis, cuja interpretação varia de pessoa para pessoa, contribuindo forçosamente para a criação de várias seitas. Quanto ao xintoísmo, não possui um fundador como o cristianismo e o budismo. Formou-se baseado nos livros clássicos, entre os quais o “Kojiki” e o “Nihon Shoki”, ou através de ensinamentos transmitidos por médiuns.
Embora as religiões citadas sejam religiões por natureza, sua subdivisão em seitas tende a ocasionar conflitos, prejudiciais à obra educacional de fraternidade, que é a missão prin¬cipal da Religião. A causa da subdivisão, sem dúvida alguma, está na dificuldade de interpretação dos ensina¬mentos. Entretanto, se a finalidade das religiões é salvar toda a humanidade, creio que tudo deveria ser claro para todos.
Para evitar tais dificuldades, pregarei a doutrina por um novo método, de modo que ela possa ser facilmente assimilada pelas pessoas. Pretendo, ainda, do ponto de vista da Religião, publicar, gradativamente, interpretações novas sobre Política, Economia, Educação, Arte, etc.
25 de janeiro de 1949



RELIGIÃO CELESTIAL E RELIGIÃO INFERNAL

Como as principais religiões que existem sofreram perseguições na época da sua fundação, tornou-se comum associar Religião e perseguição. Os exemplos de que foram vítimas os adeptos, contam-se em grande quantidade na história das religiões. Entre eles, figuram casos aterradores, como a perseguição dos fariseus e a crucificação de Cristo, fundador do cristianismo, religião que predomina no mundo inteiro. No Japão, embora diferisse o grau de sofrimento, todos os religiosos também tiveram de atravessar um período espinhoso. As únicas exceções foram Sakyamuni e Shotoku, que não sofreram perseguições pelo fato de serem príncipes.
Os fundadores de religião superam os outros homens em honestidade, sendo dotados de um extraordinário sentimento de amor e caridade. São homens santos, modelados pela essência do bem, por arriscarem a própria vida na salvação dos sofredores. Entretanto, ao invés de reconhecerem devidamente o seu esforço e, agradecidos, acolherem-nos com honrarias, o governo e o povo os têm odiado como se eles fossem enviados do demônio, perseguindo-os a ponto de lhes tirarem a vida. A injustiça está mais do que evidente. Semelhante fato, à luz do raciocínio, leva-nos a considerar como demoníacos os homens que odeiam, torturam e tentam eliminar esses grandes benfeitores.
O homem, por natureza, pertence ao bem ou ao mal; não existe estado intermediário. Em outras palavras, ele está associado a Deus ou a Satanás. Assim, quem alimenta idéias ateístas e mostra-se contrário às boas ações, abomina Deus, tornando-se, evidentemente, sem o saber, um servo do demônio.
Até os fundadores de religiões hoje consideradas importantes, inicialmente foram tratados como demônios e tenazmente perseguidos. Mas, como a própria História mostra, o mal foi derrotado pelo bem. As santas palavras de Cristo, “Venci o Mundo”, encerram o mesmo sentido e são dignas de reflexão. Assim, longos anos após a morte dos seus fundadores, a maioria das religiões foram reconhecidas e tiveram suas divindades reverenciadas. Isso aconteceu devido à alegria que eles proporcionaram ao povo, com seus ensinamentos, e à notável contribuição que trouxeram ao aumento do bem-estar social.
Nenhuma religião foi devidamente reconhecida durante a existência do seu fundador, e as perseguições tornaram-se fatos comuns. Os crentes até adquiriram o hábito de se comprazer com uma vida atribulada. A leitura da história trágica dos missionários cristãos que, seguindo o exemplo do ato redentor de Cristo, enfrentaram a morte em territórios selvagens, é realmente comovedora. Nenhuma outra religião encontra-se, hoje, tão solidamente enraizada em todos os recantos do mundo como o cristianismo.
A perseguição religiosa ocorrida no Japão e conhecida como “Conflito de Amakussa”, pode dar uma idéia da realidade mencionada acima. Foram sofrimentos inevitáveis, causados por terceiros, mas existem religiões que até procuram o martírio. O maometismo, o taoísmo, o lamaísmo e o brama¬nismo da Índia caracterizam-se pela prática de penitências e do ascetismo, considerando-os como essência da fé. Embora com alguma diferença, ocorrem fatos semelhantes entre diversas religiões tradicionais do Japão, onde continuam a existir algumas seitas que levam ao extremo o cumprimento dos mandamentos, fazem penitências e vivem à procura de aperfeiçoamentos. Como vemos, essas religiões são infernais, pois consideram o martírio um meio fundamental para polir a alma. Assim, o homem torna-se uma espécie de ser anormal, que transforma o sofrimento em prazer. Em verdade, isso acontece devido à necessidade que ele tem de suprir, com as próprias forças, a insuficiência do poder da Religião.
A Igreja Messiânica Mundial surgiu por uma necessidade imperativa, neste momento em que o mundo está repleto de re¬li¬giões de fé infernal. No que diz respeito às pregações e às ati¬vidades, a nossa Igreja difere radicalmente das outras, vindo a ser até mesmo o seu oposto. Ela repudia principalmente a penitência, considerando a vida celestial como a verdadeira for¬ma de professar a Fé. Além disso, caracteriza-se pelo seu amplo conteúdo, abrangendo Religião, Filosofia, Ciência, Arte e demais setores do conhecimento humano, sobretudo os referentes à saúde e à agricultura, que são pontos fundamentais da salvação. Tudo isso, pode-se dizer, constitui a condição fundamental para transformar o Inferno em Paraíso. E o que seria se¬não o próprio Amor Divino? Por conseguinte, as penitências constituem heresias, e a verdadeira salvação implica numa situação de vida celestial, transbordante de alegria. Quando esta situação abranger o mundo inteiro, surgirá o autêntico Paraíso Terrestre.
Nesses termos, o Paraíso Terrestre, que vem a ser a meta da nossa Igreja, inicia-se no lar. O aumento gradativo de lares celestiais chegará a transformar o mundo num paraíso. Se essa verdade fosse compreendida, ninguém deixaria de louvar a Igreja Messiânica Mundial e nela ingressar. Como os homens têm a mente afetada por conceitos materialistas e ateístas, ou por religiões de caráter limitado, perdem a oportunidade de conhecer essa alegria, por desconfianças e equívocos. Entretanto, a verdade sobre a nossa Igreja não deixará de vir à luz; estou à espera desse dia, lutando incessantemente, sob Orientação Divina.
25 de março de 1953




FÉ E RELIGIÃO

É comum as pessoas pensarem que Religião e fé significam a mesma coisa, mas, na verdade, há muitos aspectos em que uma e outra se diferenciam. O provérbio popular “Não importa qual seja a crença, contanto que se creia”, é próprio da fé, e não da Religião. O mesmo se pode dizer em relação ao ato de adorar monstruosas esculturas de pedra ou de madeira feitas por selvagens. Por esse motivo, não é de admirar que, atualmente, as pessoas civilizadas não dêem atenção ao tipo de fé em que se adoram ídolos, considerando-o como de baixo nível. Entretanto, não quero dizer que uma religião seja boa pelo simples fato de ser religião. Isso porque há religiões de nível superior, médio e inferior. A que pode realmente salvar a humanidade é a de nível superior.
Parecerá estranho ouvir-se afirmar que entre as religiões existem níveis; o fato é que em todas as coisas há uma hierarquia, e as religiões não fogem à regra. Logicamente, quem dirige a religião de nível mais alto é o Supremo Deus; sendo assim, sua autoridade e virtude são muito elevadas e poderosas. É mais do que óbvio, portanto, que essa religião possua força de salvação própria daquele nível. A melhor prova disso consiste na evidência de inúmeros milagres. Eis por que ocorrem tantos milagres em nossa Igreja. Verifica-se a cura de doenças consideradas incuráveis pela Medicina, evita-se o perigo de desastres, incêndios e outras ocorrências desagradáveis que poderiam ter acontecido às pessoas, etc. Por conseguinte, quanto mais benefícios materiais se manifestam, mais devemos nos conscientizar de que, no centro da Igreja Messiânica Mundial, está presente o Supremo Deus.
20 de abril de 1950



INSENSIBILIDADE EM RELAÇÃO À FÉ

De acordo com o senso comum, não há dúvidas de que servir em prol do bem-estar social e fazer feliz o próximo são boas ações. Por conseguinte, deveria ser próprio da natureza humana apoiá-las e ter vontade de Servir; entretanto, por incrível que pareça, freqüentemente vejo pessoas que agem friamente com referência a essa questão. Parece que não se interessam por aquilo que não lhes diz respeito, nem pelo bem da sociedade. Para elas, estas coisas só as fazem perder tempo; em tudo, o que importa mesmo são elas próprias; se tiverem lucros, está ótimo. Acham que agir assim é que é ser inteligente, pois, de outro modo, é impossível ganhar dinheiro ou subir na vida. De fato, o mundo é engraçado, porque pessoas desse tipo é que são tidas como espertas.
Criaturas assim pensam de forma calculada e materialista quando deparam com qualquer sofrimento. No caso de ficarem doentes, por exemplo, basta-lhes consultar um médico; em assuntos complicados, basta-lhes pedir ajuda à Lei; a quem não lhes obedece, bastam carões ou castigos. Dessa forma, simplesmente acomodam os problemas. Como acham que, se estiverem bem, não importa como estejam os outros, procuram comodidade apenas para si. Ora, por não pensarem também no próximo, não são merecedores de estima nem de consideração. Os que se juntam à sua volta são interesseiros, e por isso, quando a situação começa a piorar, todos se afastam. É natural que, justamente para tais pessoas, problemas e sofrimentos sejam uma constante. Quando tudo principia a correr mal e fracassar, elas se afobam, tentando recuperar-se com suas próprias forças; forçam a situação que já estava forçada e, assim, acabam num estado calamitoso, nunca mais voltando ao que eram antes.
Exemplos como esses são muito freqüentes na sociedade. Obviamente, pessoas desse tipo não querem nem ouvir falar em Fé. Acham que Deus não existe, que tudo não passa de superstição, ou que Deus existe dentro de cada um. Além de se jactarem de também serem deuses, dizem que gastar tempo e dinheiro com semelhantes coisas é a maior tolice que existe. Acham que a Fé não passa de consolo mental para covardes ou passatempo de quem não tem nada a fazer.
Consideramos tais pessoas insensíveis em relação à Fé.
8 de abril de 1950


FÉ “SHOJO”

Falando sobre Religião, ouço muitas críticas a respeito dos líderes religiosos. Dizem que eles deveriam viver com mais sobriedade, comer, beber e morar pobremente, assim como andar de trem, de ônibus ou até mesmo a pé.
É fato que, antigamente, para fazerem suas pregações, os fundadores de religiões calçavam sandálias de palha e usavam panos enrolados nas pernas, como se fossem polainas, a fim de facilitar-lhes as longas caminhadas. Às vezes, retiravam-se para as montanhas, faziam jejuns, tomavam banhos de cascata, experimentavam todos os tipos de sofrimentos e sacrifícios; outras vezes, eram jogados na prisão, ou exilados em ilhas longínquas. Ainda hoje sentimos tristeza ao pensar nos sofrimentos que eles tiveram que passar. Entretanto, apesar de tantos sacrifícios, só conseguiram estender suas doutrinas a um território restrito; para que elas se expandissem mais amplamente, foram necessárias dezenas de gerações. Comparadas aos dias atuais, as condições precárias a que esses pregadores tiveram de se sujeitar a vida inteira vão muito além de nossa imaginação.
A lembrança das práticas religiosas a que nos referimos permanece gravada na mente das pessoas, e por isso é natural que elas tenham uma visão errada sobre as religiões novas. As religiões caracterizadas por tais práticas particularizam-se pela fé “Shojo”, que é anterior ao nascimento de Sakyamuni e tem sua origem no bramanismo da Índia. Seus ensinamentos valorizam, principalmente, a Iluminação através da ascese. Segundo dizem, ainda hoje existe, naquele país, um pequeno número de bramanistas que conseguem fazer milagres graças a um enorme esforço espiritual. O jejum praticado pelo famoso Mahatma Gandhi talvez fosse uma decorrência do fato de ele ter professado o bramanismo quando jovem.
Há uma história interessante sobre a origem dos oitenta e quatro mil sutras budistas divulgados por Sakyamuni.
Naquele tempo, o bramanismo estava em grande expansão na Índia, e acreditava-se que a Iluminação só podia ser alcançada por meio da ascese, considerada o verdadeiro caminho da Fé. Vendo a expressão das esculturas e pinturas representativas de ascetas brâmanes existentes em diversos locais do Japão, podemos imaginar a situação deles naquela época. Não suportando semelhante estado de coisas, Sakyamuni, com sua grande misericórdia, descobriu uma forma para as pessoas obterem a Iluminação sem precisar recorrer às práticas ascéticas: os sutras budistas. Segundo ele, a simples leitura desses textos seria bastante. Obviamente o povo se alegrou com isso e passou a considerá-lo o mais respeitável e benéfico de todos os santos. Foi assim que o budismo se espalhou por toda a Índia. Podemos mesmo dizer que essa foi a maior realização de Sakyamuni entre as suas atividades de salvação.
Diante do exposto, é fácil entender quão erradas estão as práticas ascéticas da fé “Shojo”, que contrariam a vontade e a grande misericórdia de Sakyamuni, aproximando-se do bramanismo, o qual foi alvo de sua atividade salvadora. Creio que, do Paraíso, ele estará lamentando essa situação. Assim, podemos concluir que a fé “Shojo”, além de errada, é inadequada ao nosso tempo.
Por outro lado, no que se refere à difusão religiosa, observamos que aquilo que antigamente se levava dez anos para conseguir, hoje pode ser feito apenas em um dia, graças ao progresso tecnológico da imprensa e dos meios de transporte. O correto, por conseguinte, é nos adequarmos à época em que vivemos, utilizando-nos de todos os recursos que a civilização moderna nos oferece. Se a religião se basear unicamente nos métodos antigos, obviamente não conseguirá atingir seus verdadeiros objetivos. Isso se evidencia na tendência que as religiões tradicionais têm de se afastar da época atual.
Quando as pessoas de fé “Shojo” vêem as atividades religiosas que estamos realizando, limitam-se a ficar admiradas e não tentam sequer compreender aquilo que verdadeiramente objetivamos. Se elas se restringissem a isso, não haveria nada de mau; algumas, porém, começam a espalhar boatos contra nós, dizendo que levamos vida de nababos. Entretanto, nós dependemos apenas das contribuições dos fiéis; não temos necessidade de dinheiro. Se dermos atenção aos comentários, deixaremos que essas contribuições em gêneros alimentícios, feitas com tanto sacrifício, apodreçam, obrigando-nos a jogá-las fora. Por outro lado, não podemos vendê-las nem devolvê-las. Da mesma forma, não poderíamos deixar de utilizar as casas que nos são oferecidas de boa vontade pelos fiéis. Ao invés de dar ouvidos a comentários, devemos atentar para o grande trabalho que essas doações nos estão possibilitando realizar: a salvação da humanidade. Diante disso, poder-se-á entender o quanto é errado o pensamento “Shojo”.
Como o ideal de nossa Igreja é construir um mundo sem doença, pobreza e conflito, as pessoas que nela ingressam adquirem uma vida alegre e saudável, cheia de harmonia e prosperidade. Todavia, para os que vivem no lamentável inferno da sociedade atual, isso é algo inconcebível. Além de negarem a concretização desse ideal, eles pensam, naturalmente, que tudo não passa de uma boa isca para iludir o povo. Pode ser também que, para essas pessoas, o protótipo do Paraíso Terrestre que estamos construindo sejam meros palacetes luxuosos. O nosso objetivo, no entanto, é cultivar os nobres sentimentos dos homens, possibilitando-lhes oportunidade para se distanciarem, de vez em quando, da sociedade infernal de hoje em dia e visitarem terras paradisíacas, que os envolvam nos ares celestiais de Verdade, Bem e Belo, fazendo-os sentir-se no estado de suprema alegria. Assim, evidencia-se a grande necessidade da construção do protótipo do Paraíso Terrestre para o homem contemporâneo.
Se a sociedade continuar como está, crescerá cada vez mais o número de pessoas de baixo nível, de jovens degradados, e não haverá um lugar sequer que não seja um viveiro para a maldade social. Por isso podemos afirmar que o único “oásis” do mundo hodierno é este protótipo do Paraíso Terrestre. Se as pessoas compreenderem realmente a grandiosidade do nosso sublime projeto, ao invés de nos censurarem, o que elas deverão fazer é manifestar-se seu inteiro apoio.
Ainda tenho algo importante a dizer. Os japoneses, por causa das invasões bélicas que empreenderam há algum tempo, foram tão mal interpretados que perderam a confiança do mundo. Sentimos que é preciso recuperar, o mais breve possível, essa confiança. Justamente por esse motivo é que o protótipo do Paraíso Terrestre constitui um patrimônio importantíssimo, para mostrar não só a beleza natural do nosso país, como também o indiscutível pendor artístico dos japoneses. Doravante, surge uma grande oportunidade para que os turistas nos visitem cada vez mais e compreendam o nosso alto nível cultural, ao mesmo tempo que desfrutam o prazer da viagem. Fico na expectativa da grande admiração que o protótipo do Paraíso Terrestre despertará, quando ficar concluído.
Com o que foi dito acima, fica explicado o que é fé “Shojo” e fé “Daijo”.
11 de março de 1950



RELIGIÃO E MILAGRE



BENEFÍCIOS MATERIAIS

Modéstia à parte, em nossa Igreja ocorrem maravilhosas Graças Divinas.
Na antigüidade surgiram religiões magníficas, e até hoje isso vem acontecendo. Entre elas, as três mais importantes – o cristianismo, o islamismo e o budismo – e mais algumas já conquistaram suas respectivas posições. A maioria, porém, desde o início, sempre se ocupou unicamente da salvação espiritual.
A Igreja Messiânica Mundial ainda tem pouco tempo de vida, e, comparada com outras, é uma religião pequena. Apesar disso, a rapidez de seu progresso pode ser considerada inédita e está sendo alvo de muita atenção, o que, às vezes, até se torna um problema. Mas isso é um fenômeno transitório, uma das inevitáveis experiências pelas quais temos de passar. É uma questão de tempo; naturalmente, virá o dia em que, por opinião imparcial, será reconhecido seu verdadeiro valor.
Como todas as religiões, nossa Igreja tem seus ideais, seus princípios religiosos, e vem se esforçando para progredir. Vou mostrar os pontos em que ela difere das religiões tradicionais, pois, se não os conhecerem, não conseguirão compreendê-la verdadeiramente.
A grande diferença é que nela ocorrem muitos benefícios materiais. Entretanto, as pessoas que se dizem entendidas no assunto acham que esse tipo de religião é de baixo nível e por isso não lhe dão atenção. Se pensarmos bem, encontraremos uma explicação para essa atitude.
Atualmente, analisando as inúmeras religiões do Japão, constatamos que existem dois tipos: as que são populares e as que não o são. No primeiro caso, por exemplo, a fé está voltada para este ou aquele ídolo ou deus, e seus adeptos – as pessoas de baixo nível cultural, que nada entendem de teorias religiosas ou de Filosofia – têm um único objetivo: receber benefícios materiais. Ora, do ponto de vista dos intelectuais, isso é tolice e não merece a mínima atenção. Assim, eles concluem que a busca desses benefícios é própria da Fé de nível inferior. Por outro lado, valorizam as religiões que, não se importando com os benefícios materiais, colocam os princípios religiosos em termos didáticos, dotando-os de inteligentes razões. Se tais religiões tiverem uma longa tradição e durante esse tempo nela tiverem surgido grandes líderes ou sacerdotes de alta virtude, eles as valorizam ainda mais, considerando-as de alto nível. Em síntese, para os intelectuais o que vale é a força do nome e a tradição. A propósito disso, desejo expor minha sincera crítica.
Dos dois tipos de Fé mencionados, o primeiro pode ser de baixo nível, mas a verdade é que ele está atingindo a massa popular mais do que podemos supor. Como as pessoas que o professam têm pouca cultura, não lhes interessam princípios nem teorias; elas vão de vez em quando à Igreja, fazem pedidos de graça, dão uma esmola e se satisfazem com isso. Trata-se de uma fé muito simples, mas é indiscutível que impressiona bem e contribui para mudar o sentimento de outras pessoas. Se essas religiões acreditam no invisível, é porque têm uma visão espiritualista; portanto, elas contribuem de alguma forma para o bem social, mais do que aquelas que estão baseadas num sólido materialismo. Seus seguidores cultivam o bom sentimento de pedir ajuda a Deus, por isso não haverá motivos para que cometam, inescrupulosamente, os crimes horríveis a que ficam sujeitos os materialistas.
Quanto ao segundo tipo de fé, diferentemente do primeiro, é seguido por pessoas que, acreditando somente no que vêem, desprezam aqueles que crêem no invisível, considerando-os supersticiosos. Parece que, atualmente, a maioria pertence à classe dos intelectuais. Naturalmente, uma vez que são materialistas, eles acham que devem lidar com as religiões didaticamente; quando discutem sobre o assunto, não ficam satisfeitos se não o colocarem em termos lógicos e filosóficos. Por isso, a nosso ver, suas teses são superficiais, e as críticas que fazem à nossa Igreja não passam de comentários malévolos.
Para fazer a verdadeira análise de uma religião, é preciso penetrar nela profundamente, procurando averiguar seu conteúdo com os olhos bem abertos. Deve-se analisá-la livre de conceitos pessoais. Originariamente, a natureza de uma religião não está na sua forma, mas no seu conteúdo. Portanto, é necessário que os intelectuais mudem bastante suas atitudes críticas.
De acordo com o exposto acima, criticar nossa Igreja vendo apenas as aparências externas e classificá-la como religião vulgar por estar centralizada no recebimento de benefícios materiais, é uma grande leviandade ou descortesia. Enquanto se persistir nessa atitude, as críticas não terão nenhum sentido. Se fizerem uma profunda análise da Igreja Messiânica Mundial, compreenderão que ela não só é de caráter popular como teórico. Podemos dizer mesmo que é uma Ultra-Religião, inédita para a humanidade. E não é só isso. O que defendemos não se restringe apenas à Religião. Nosso objetivo é dar a mais alta diretriz ao campo da Medicina, da Agricultura, da Arte, da Educação, da Economia, da Política, enfim, a tudo quanto diz respeito ao homem. Em suma: queremos colocar a teoria em prática, de maneira que a Fé seja vivida no nosso dia-a-dia.
8 de novembro de 1950



MILAGRE E RELIGIÃO

Seria desnecessário dizer que milagre é o acontecimento de algo considerado impossível, algo que, não coincidindo com a lógica e não se podendo medir com o senso comum, só podemos afirmar que é um mistério.
Mas desde quando existe esse mistério chamado milagre? Temos registrados os milagres de Cristo, os quais são muito conhecidos e dispensam comentários; no Japão, evidenciaram-se, entre outros, o milagre acontecido a Nitiren e os realizados pelos fundadores das Igrejas Tenrikyo, Oomotokyo, Konkokyo e Hito-no-Miti (atualmente Igreja P.L.). Sabe-se que em vários outros lugares ocorreram pequenos milagres, mas o interessante é que nas mais antigas e abalizadas religiões eles quase não ocorrem. Enquanto seus fundadores estavam vivos, é possível que muitos milagres tenham sido realizados, porém, com o passar do tempo, eles se extinguiram por completo. Por esse motivo, em certas religiões tradicionais, as pessoas de posição elevada precisaram encontrar algo de valor que substituísse os milagres, pela necessidade de fazê-las sobreviver. Como resultado, apareceram as religiões filosóficas, as ciências religiosas, a Teologia e outras formas de estudos sistematizados. Obviamente, elas consideram que o ponto mais importante da Religião é a salvação do espírito, razão pela qual desprezam as graças materiais. Além disso, acrescentam as formalidades tradicionais de cada uma. Assim, vieram mantendo sua existência como organização religiosa. As pessoas conscientes e os povos civilizados não as aceitam, e, não encontrando uma Fé cujo teor os satisfaça, muitos se tornam incrédulos, como vemos atualmente. Torna-se claro, portanto, que a Fé ardentemente desejada pelas pessoas é, antes de mais nada, uma nova Fé, que se tenha despojado das velhas roupagens e cujos princípios sejam racionais e comprovados por provas autênticas.
Existem, no momento, algumas religiões que estão se expandindo muito, como a Narita-no-Fudosson, Toyokawa, Fushimi-Inari, Kompira Gonguem e certas seitas da Religião Nitiren, as quais, indubitavelmente, de certa forma estão sendo úteis à sociedade. Entretanto, elas visam apenas os benefícios materiais, e seus níveis são tão baixos, que não exercem nenhuma atração sobre as pessoas de cultura elevada nem sobre a camada jovem. Em verdade, satisfazem apenas um número limitado de pessoas.
De acordo com o que acabo de expor, podemos dizer que, atualmente, só há duas espécies de Fé no Japão: as religiões teóricas e as religiões práticas, ou seja, as que visam unicamente as graças. Essa é a situação inexpressiva do campo religioso japonês. Portanto, pensando naquilo que as circunstâncias atuais estão exigindo, concluímos que é necessário o aparecimento de uma religião nova e ideal.
A peculiaridade da nossa Igreja é que, através de princípios religiosos, ela formula conceitos inéditos sobre a Teologia, a Ciência e a Filosofia, dando-lhes novas interpretações. Além disso, aponta os defeitos da cultura contemporânea, ensina como deve ser a nova cultura e indica o caminho para a criação da nova civilização mundial. Por conseguinte, podemos dizer que ela está acima da conceituação de uma simples religião.
Uma vez ingressando na Fé Messiânica e analisando-a minuciosamente, a pessoa se surpreenderá com a veracidade do que acabamos de dizer. Tornando-se fiel, compreenderá, também, que uma das grandes características da nossa religião é a ocorrência de muitos milagres. Certamente a História das Religiões não registra nenhuma outra em que eles sejam tão numerosos. Milagre, como já dissemos, é benefício material, por isso não há dúvida de que conseguiremos atingir o nosso objetivo: construir um mundo absolutamente isento de doença, pobreza e conflito. Mas não basta lerem o que escrevi; antes de mais nada, é necessário conhecerem a Igreja Messiânica Mundial.
5 de março de 1952



RELIGIÃO É MILAGRE

Várias heranças literárias provam que Religião e milagre são coisas inseparáveis. Religião sem milagre deixa de ser Religião. Isto porque o homem é totalmente incapaz de operar qualquer milagre, o qual é obra de Deus. Sendo assim, uma religião que não apresente milagres é como uma existência nula. Falta-lhe a essência, embora ostente aparência religiosa.
A magnitude de uma religião é proporcional à ocorrência de milagres. Milagre, em outras palavras, significa o aparecimento de benefícios inesperados. Isso estimula e dá origem a um profundo sentimento religioso, que conduz o homem à Fé e salva-o da desgraça.
Que religião podemos chamar de verdadeira a não ser essa? É desnecessário dizer que uma única prova vale por mil argumentos. Embora a situação que vivemos atualmente seja uma conseqüência da Segunda Grande Guerra, o aumento do mal social, principalmente os pensamentos insanos que infestam os jovens – verdadeiros sustentáculos do futuro – e o estado confuso em que estes se encontram, não deixam de representar uma realidade apavorante. A causa de tudo isso é a educação recebida pelos jovens, a qual os levou a aceitar o materialismo como norma de ouro. Enquanto os homens não despertarem desse engano, não haverá solução para o problema.
Naturalmente, para combater os conceitos materialistas, é preciso despertar o homem para a Religião, começando por convencê-lo da existência de Deus. Nossa Igreja vem insistindo neste ponto, e o milagre é o único recurso para ela atingir seu propósito.
Milagre é tornar possível aquilo que se considera impossível realizar pela ação do homem. Como ele mostra, na realidade, o que não se pode interpretar teoricamente, quaisquer dúvidas a respeito serão, logicamente, dissipadas de imediato. Assim, mesmo na exclusão do mal social ou na criação de países pacíficos, não se poderão obter resultados satisfatórios a não ser que se dê a exata consciência de Deus através do milagre, cultivando, dessa forma, a espiritualidade.
Na história da humanidade, não se conhece nenhuma religião que tenha apresentado tantos milagres como a nossa. Neste sentido e nesta fase de grande transição que estamos atravessando, o objetivo da Igreja Messiânica Mundial é sacudir a alma do mundo, que está adormecida, despertando-a com o poderoso sopro do milagre.
Deus, Todo-Poderoso, veio à Terra como Kanzeon-Bossatsu (encarnação da Misericórdia), conhecido também como Komyo-Nyorai (encarnação da Luz) e, após transformar-se em Oshim-Miroku (encarnação da Ação Livre e Desimpedida), está manifestando, pelas Divinas Mãos do Messias, os mais variados e incontáveis milagres, utilizando livremente a sagrada energia vital. Dessa forma, através da Igreja Messiânica Mundial, Deus está realizando a grandiosa obra da salvação do mundo.
11 de junho de 1949



RELIGIÃO É MILAGRE

Desde tempos remotos costuma-se dizer que os milagres são inerentes à Religião, o que realmente é verdade. Modéstia à parte, nunca houve religião que evidenciasse tantos milagres como a Igreja Messiânica Mundial. Em poucas palavras, direi que isso ocorre porque ela é dirigida pelo Supremo Deus.
Pensando que todas as divindades são iguais, as pessoas geralmente tendem a cultuá-las da mesma forma. Entretanto, precisamos saber que até entre as divindades existe hierarquia: superior, média e inferior. Em ordem decrescente, essa hierarquia, iniciando pelo Altíssimo, vai até Ubussunagami, Tengu, Ryujin, Inari e outros.
Gostaria de falar detalhadamente sobre todas essas classes, mas assim eu estaria desvelando divindades de outras religiões. Portanto, por uma questão de respeito, não o farei. Desejo apenas mostrar, através de um fato, quão elevado é o deus que dirige a Igreja Messiânica Mundial. Nem preciso falar sobre a maravilha que é o Johrei, pois, com o passar do tempo, na medida que vai se tornando conhecido, ele está constituindo o elemento mais eficiente para a expansão da nossa Igreja. Aliás, sobre a solução de doenças através do Johrei, devo esclarecer que, mesmo a pessoa duvidando e recebendo-o apenas a título de experiência, ou achando impossível obter a cura por meio de “uma tolice dessas”, a graça será alcançada da mesma forma, e rapidamente, o que muitos acham um mistério. Até o presente acreditava-se imprescindível a pessoa ter fé para ficar curada de uma doença. Era corrente este pensamento: “Acredite; você não pode duvidar.” Assim, é natural que, condicionadas a essa idéia fixa, as pessoas estranhem o que acabo de dizer. Vou explicar a razão.
Primeiramente, crer na validade de algo sem ter nada que a comprove é enganar a si próprio, pois ninguém pode acreditar numa coisa antes de ter provas. Assim, é óbvio que aquele pensamento está errado. Empregar todos os esforços para crer porque nos foi dito para crer, produz algum efeito, pois isso é melhor do que duvidar. Tal efeito, porém, não provém de Deus, como muitos pensam, mas da própria força de cada um. Mas por que motivo um pensamento tão errado vinha sendo aceito como a coisa mais natural? É que, até agora, ignorando que a divindade à qual se dirigiam não tinha poder suficiente, as pessoas tentavam suprir essa deficiência com a força humana. Nesse sentido, em nossa Igreja, as pessoas melhoram mesmo que duvidem. Isso acontece por conta da grande força de Deus não sendo necessário, portanto, acrescentar a força humana. Logo, se uma divindade não tem poder para curar uma doença, é porque seu nível é inferior.
Muitas vezes, quando as graças não ocorrem do modo desejado, o ministro ou o orientador dão desculpa de que a pessoa tem pouca fé. Parece-me que eles acham que a graça é conseguida com o esforço do homem, ao invés de ser concedida por Deus. Na verdade, Deus é infinitamente piedoso; por isso, mesmo que façamos apenas um pedido, infalivelmente Ele nos atenderá. Quando o homem emprega demasiado esforço para alcançar uma graça e ultrapassa os limites, Deus não fica satisfeito, se é que se trata do Verdadeiro Deus. Principalmente fazer penitências, jejuns e abstenções são atitudes que estão em desacordo com a Vontade de Deus, pois Seu grande amor vê com tristeza o sofrimento humano. Pensemos bem. Nós, seres humanos, somos filhos de Deus. Como nosso pai, não há razão para Ele se alegrar com o nosso sofrimento. Ainda que a pessoa tenha conseguido receber uma graça através de penitência, quem a concedeu não foi Deus, mas algum espírito pertencente à falange dos demônios. Graças desse tipo são efêmeras, não duram muito tempo. As graças concedidas por Deus são diferentes. À medida que nos dedicamos à Fé, nossos infortúnios irão diminuindo gradativamente, atingiremos um estado espiritual de paz e segurança e seremos felizes.
Em síntese: trata-se de religião de baixo nível aquela em que a pessoa, embora não creia, esforça-se para crer, com o objetivo de alcançar graças; trata-se de religião de nível superior aquela em que Deus concede a graça mesmo que a pessoa duvide ou não acredite.
11 de abril de 1951



ANÁLISE DO MILAGRE

Em poucas palavras, chama-se milagre a realização daquilo que achamos impossível, mas, na verdade, nada acontece por acaso. Quem pensa de forma diferente, está redondamente enganado. Parece um tanto complicado, contudo vou mostrar por que estou fazendo essa afirmativa.
A idéia preconcebida de que determinada coisa nunca poderá acontecer, já constitui um erro, pois leva em consideração apenas aquilo que se manifesta exteriormente, isto é, as aparências. Como até agora o pensamento da maioria dos homens baseava-se em conceitos materialistas, se às vezes sucede algo diferente, eles pensam que se trata de milagre. Por exemplo: uma criança cair de um penhasco e não sofrer nada; um carro bater numa bicicleta e não haver ferimentos nem prejuízos; uma pessoa se salvar por ter se atrasado e perdido um trem que depois descarrilhou, virou ou colidiu com outro; um ladrão que estava entrando numa casa fugir, pela ministração do Johrei; uma pessoa recuperar o que lhe foi roubado; um incêndio que havia se alastrado até à casa do vizinho ser desviado, devido à repentina mudança de direção do vento, por efeito do Johrei.
Com os fiéis da nossa Igreja ocorrem constantemente grandes e pequenos milagres, isto é, fatos fora do comum. E por que motivo eles ocorrem? Onde está a causa? Creio que todos querem sabê-lo.
É claro que a verdadeira razão do milagre está no Mundo Espiritual. Entretanto, há milagres decorrentes da força pessoal de cada um e outros decorrentes da força de terceiros. Inicialmente falarei sobre o primeiro tipo.
O homem possui aquilo a que chamamos aura, que é como se fosse a vestimenta do espírito. Ela tem o formato do corpo, que parece coberto por uma espécie de névoa branca, e não é visível às pessoas de sensibilidade comum. Sua largura é variável, e isso se deve ao grau de pureza do espírito; quanto mais puro ele for, mais larga é a aura. Nas pessoas comuns, ela varia de três a seis centímetros; a dos virtuosos tem de sessenta a noventa centímetros; nos salvadores da humanidade, ela é infinita. Ao contrário, se o corpo e o espírito são impuros, a aura é estreita e tênue. Em caso de desastre, por exemplo, na hora exata em que um carro – que também possui espírito – vai bater numa pessoa, não conseguirá atingi-la se for alguém de aura larga. Ela se salva, porque é afastada para o lado. Pessoas assim, quando caem de um local alto, mesmo indo de encontro ao espírito da terra ou de uma pedra, não se machucam, apenas batem de leve.
As casas também possuem espírito, de modo que, se o dono for virtuoso, a aura da casa será larga; no caso de incêndio, o espírito do fogo não a atinge, pois é barrado pela aura. Por isso, na ocasião do grande incêndio de Atami, a sede provisória da nossa Igreja foi milagrosamente poupada. Se ocorre o contrário – o que é difícil – é porque há necessidade de queimar impurezas; por conseguinte, o fato obedece ao Plano de Deus.
Vejamos, a seguir, os milagres decorrentes da força de terceiros.
O homem tem três espíritos: o Primordial, o Guardião e o Secundário. Vou me abster de maiores explicações sobre a relação existente entre eles, pois já falei sobre isso em outras oportunidades.
O Espírito Guardião é escolhido entre os ancestrais; ele salva seu protegido no caso de um perigo, ou lhe faz avisos importantes através de sonhos. Quando se trata de pessoa que tem missões especiais, há casos em que uma divindade vem em seu socorro (em geral, o padroeiro do local onde a pessoa nasceu). Por exemplo, se um trem está prestes a colidir com outro, como essa divindade tem conhecimento do fato, pode fazer parar o espírito do trem instantaneamente. Mesmo que o fato esteja ocorrendo a milhares de quilômetros, ela chega ao local numa rapidez extraordinária.
Como vemos, o milagre não ocorre absolutamente por coincidência ou por acaso; há sempre uma razão. Se compreenderem isso, verão que ele não tem nada de sobrenatural. Para mim, o natural é haver milagres; se não houver é que eu acho estranho.
Às vezes, quando me encontro diante de um problema difícil, cuja solução está demorando, começo a esperar que repentinamente aconteça um milagre, e geralmente ele acontece, solucionando o problema. Isso é muito freqüente. Creio que aqueles que têm fé profunda e acumularam virtudes, já passaram por muitas experiências nesse sentido. Portanto, se o homem pensar e praticar o bem, acumular virtudes e fizer esforços para tornar mais larga sua aura, jamais lhe acontecerão desgraças inesperadas.
Em nosso contacto com as pessoas, quanto mais espessa for sua aura, mais calor sentiremos, surgindo, daí, grandes afeições. Tais pessoas sempre cativam outras, que se reúnem à sua volta em grande número, e assim elas terão êxito e progresso no trabalho.
5 de junho de 1951



PREFÁCIO


PREFÁCIO DO LIVRO
“O MUNDO ESPIRITUAL”

Neste volume estão coligidos os Ensinamentos que escrevi sobre os fenômenos do Mundo Espiritual, como resultado de estudos e pesquisas efetuados durante mais de vinte anos. Não há fantasia nem exagero em minhas palavras.
Dizem que a cultura humana progrediu muito, mas o que houve foi apenas progresso da parte material; a parte espiritual, lamentavelmente, progrediu muito pouco. E o que é progresso da cultura? Em verdade, progresso da cultura significa o desenvolvimento paralelo do concreto e do abstrato. Apesar do propalado avanço cultural, o homem até hoje não conseguiu alcançar a felicidade, e a razão principal é que o progresso se efetuou num único sentido. Em outras palavras, porque a cultura material se desenvolveu muito, mas a cultura espiritual não acompanhou esse desenvolvimento.
Diante disso, eu desejo despertar a humanidade imprimindo um extraordinário progresso à cultura espiritual. Visto que os fenômenos espirituais, em decorrência de sua própria natureza, não podem ser percebidos pelos cinco sentidos do homem, torna-se muito difícil apreendê-los. Mesmo assim, como não vou evidenciar o que não existe, e sim mostrar o que de fato existe, tenho absoluta certeza de que esse objetivo será alcançado.
Crendo nos fenômenos espirituais, torna-se claro que poderemos apreender a causa fundamental da verdadeira felicidade. Em outras palavras, para se obter a perfeita paz de espírito, é necessário profundo conhecimento de tais fenômenos, seja qual for a Fé que se professe.
O homem não pode evitar a morte, mas conhece muito pouco sobre a vida após a morte. Meditemos. Embora possa viver muito tempo, geralmente o homem não passa dos setenta ou oitenta anos. Se isso representa o fim de tudo, a vida não é realmente vã? Caso ele pense assim, é porque desconhece totalmente que, após a morte, existe a vida no Mundo Espiritual. Suponhamos, entretanto, que o homem chegue a adquirir profundo conhecimento a esse respeito: viveria uma vida feliz neste mundo e também depois de morrer. Existe, portanto, a possibilidade de ele se tornar eternamente venturoso.
É pelos motivos acima expostos que escrevi o presente volume.
25 de agosto de 1949



A NATUREZA E O MUNDO ESPIRITUAL



O PODER DA NATUREZA

Segundo meus estudos, a Grande Natureza, isto é, o mundo em que respiramos e vivemos, está constituída de três elementos – o Fogo, a Água e o Solo – conforme já explanei em outra oportunidade. Atualmente, a Ciência e o homem, pelos seus cincos sentidos, têm conhecimento do eletromagnetismo, do ar, da matéria, dos elementos, etc., mas o meu propósito é falar sobre a energia espiritual, que a Ciência e os cinco sentidos do homem ignoram.
A expressão “energia espiritual” ou “espírito” tem sido usada até hoje circunscrita à Religião ou à Metafísica. Por isso, na maioria das vezes, é associada à superstição. A tendência é considerar intelectual aquele que nega a existência do espírito, mas como estão enganados os que pensam assim...
A essência daquilo a que dou o nome de espírito é a fonte do grandioso poder que dirige tudo que existe neste Universo e do qual dependem o nascimento, o crescimento, o movimento e a transformação de todas as coisas. Chamo-o de Poder Invisível. Sendo assim, daqui por diante chamarei o mundo conhecido simplesmente de Mundo Material, e o desconhecido, de Mundo Espiritual.
Como lei fundamental de tudo que existe, todos os fenômenos ocorridos no Mundo Material são projeções daquilo que já foi gerado e acionado no Mundo Espiritual. Isso pode ser exemplificado pelos movimentos das mãos ou das pernas, os quais são precedidos pela nossa vontade. Até agora, contudo, os estudiosos têm procurado soluções analisando apenas os fenômenos do Mundo Material, e é por essa razão que embora se diga que houve progresso na cultura, ele não trouxe bem-estar à humanidade. Portanto, para resolver qualquer problema, é necessário solucioná-lo primeiro no Mundo Espiritual; inclusive as doenças, cujo verdadeiro método de tratamento consiste em tratar o espírito por processos espirituais.
Mesmo nos seres vivos, o corpo espiritual está subordinado ao Mundo Espiritual, e o corpo físico, logicamente, ao Mundo Material. A doença, como já tenho explicado, é a eliminação de toxinas acumuladas, ou melhor, o processo de dissolução das toxinas solidificadas. Relacionando matéria e espírito, a acumulação de toxinas numa determinada região representa a existência de máculas na correspondente região do corpo espiritual, e o processo de dissolução significa a eliminação das máculas. Por conseguinte, todo e qualquer tratamento que se proponha a curar apenas o corpo físico é método contrário, não levando à verdadeira solução da doença.
Se o método fundamental para a erradicação das doenças é a eliminação das máculas do corpo espiritual, qual é o poder que dissipará essas máculas? É a Luz emanada de Deus e irradiada através do corpo humano. A profunda compreensão desse princípio só se tornará possível através da prática do Johrei por vários anos. No momento, creio que os leitores poderão obter apenas uma noção geral; por isso, peço-lhes que leiam com esse espírito.
Antes de explicar o que é o corpo espiritual do homem, torna-se necessário explicar o que é a morte. Quando o corpo material fica imprestável, por velhice, doença, ferimento, perda de sangue, etc., o corpo espiritual e o corpo material se separam. A esta separação é que chamamos morte. Ela ocorre quando o corpo espiritual se liberta do corpo material. O primeiro regressa ao Mundo Espiritual e, passado algum tempo, reencarna; o segundo, como todos sabem, apodrece e retorna à terra. Pelo exposto, compreende-se que o corpo espiritual tem vida infinita, e o corpo material, vida finita, existência secundária. Conseqüentemente, quando se trata de questões relativas ao homem, o verdadeiro alvo é o corpo espiritual.
Na ciência contemporânea, está se tornando conhecida a existência de uma espécie de radioatividade em todos os seres, inclusive nos minerais e nos vegetais. Meus estudos revelaram que a radioatividade do corpo humano é de qualidade superior. É como se falava nos velhos tempos: “Espiritualmente, o homem é superior a todos os outros seres.”
Quanto mais elevado o espírito, maior é o seu grau de rarefação (pureza), e, quanto mais aumenta o grau de rarefação, mais difícil se torna detectá-lo através de instrumentos. Portanto, opondo-se aos conceitos materialistas, é muito mais fácil captar a presença de espíritos de níveis inferiores, assim como acontece com o rádio, entre os minerais, e a fosforescência, em alguns vegetais. Todavia, é importante compreendermos este princípio: quanto mais rarefeito (puro) é o espírito, maior é o seu poder de atuação.
A irradiação do corpo humano é a mais poderosa, mas a grande diferença que há de umas para outras pessoas, está além da imaginação. Quanto mais poderosa for essa irradiação, maior será a atuação do Johrei. Assim, para irradiá-la com maior potência, concentrei-a numa parte do corpo, alcançando, com isso, pleno sucesso na eliminação das máculas. Consegui, também, aumentar ainda mais a força da irradiação que cada um possui, através de um método todo peculiar. Aplicando esses dois métodos, conhecendo o seu princípio e somando experiências, consegue-se manifestar um poder extraordinário.
5 de fevereiro de 1947



OS ELEMENTOS FOGO, ÁGUA E SOLO

Tudo que existe, é composto de três elementos básicos. O nascimento e o desenvolvimento de todas as coisas dependem da energia destes três elementos: o Sol, a Lua e a Terra. O Sol é a origem do elemento Fogo; a Lua, a origem do elemento Água; a Terra, a origem do elemento Solo.
As energias do Fogo, da Água e do Solo movem-se, cruzam-se e fundem-se em sentido vertical e horizontal. Verticalmente, significa que do Céu à Terra há três níveis: o Sol, a Lua e a Terra. Isso pode ser claramente observado por ocasião de um eclipse solar. O Céu é o Mundo do Fogo, centralizado no Sol; o espaço intermediário é o Mundo da Água, centralizado na Lua; a Terra é o Mundo do Solo, centralizado no Globo Terrestre. Horizontalmente, significa a própria realidade em que nós, seres humanos, estamos vivendo na face da Terra, ou melhor, o Mundo Material, constituído do espaço e da matéria. A existência da matéria é perceptível por meio dos cinco sentidos do homem, mas por algum tempo o espaço foi considerado vazio. Com a evolução da cultura, nele se descobriu a existência do meio-matéria (digo provisoriamente meio-matéria) conhecido como ar. Entretanto, nesse espaço em que até há pouco se pensava existir apenas o ar, identifiquei a existência de mais um elemento – denominei-o de “espírito”.
Algumas religiões falam sobre o Mundo Espiritual, sobre espírito dos vivos, sobre espírito dos mortos, sobre encostos, etc. Ascetas e médiuns também falam a respeito dos espíritos. Com a evolução da Ciência Espiritual nos Estados Unidos e na Europa, as pesquisas sobre o assunto estão em franco desenvolvimento, e até certo ponto podemos crer nas explanações de obras como “Raymond”, da autoria de Sir Oliver Joseph Lodge (1851-1940), e “Exploration in the Spiritual World”, do Dr. Ward. Mas o objetivo do meu estudo situa-se num campo completamente diverso.
Por princípio, o elemento da matéria é o Solo. Qualquer pessoa sabe que toda matéria surge do Solo e retorna ao Solo. O elemento Água, que é meio-matéria, procede da Lua e está contido no ar. O espírito, entretanto, não é matéria nem meio-matéria; irradiado do Sol, é imaterial, e por esse motivo sua existência até hoje não foi comprovada. Resumindo: o Solo é matéria; a Água é meio-matéria; o Fogo é imaterial. Da união desses três elementos surge a energia. Cientificamente, quer dizer que os três, como partículas atômicas infinitesimais, tão pequeninas que estão além da imaginação, fundem-se e agem conjuntamente. Eis a realidade do Universo. Portanto, a existência da umidade e a temperatura adequada para a sobrevivência das criaturas no espaço em que respiramos, são decorrentes da fusão e harmonização do elemento Fogo e do elemento Água. Se o elemento Fogo se reduzir a zero, restando apenas o elemento Água, o Universo ficará congelado instantaneamente. Ao contrário, se restar apenas o elemento Fogo, e o elemento Água se reduzir a zero, haverá uma explosão e tudo se anulará. Os elementos Fogo e Água unem-se com o elemento Solo, e dessa união produz-se a energia que dá existência a todas as coisas. Por essa razão, o fogo, pela sua natureza, arde em sentido vertical, e a água corre em sentido horizontal; o fogo arde pela ação da água e a água se move pela ação do fogo.
Desde a antigüidade o homem é considerado um pequeno universo, porque o princípio acima se aplica ao corpo humano. Isto é, o Fogo, a Água e o Solo correspondem, respectivamente, ao coração, ao pulmão e ao estômago. O estômago digere o que é produzido pelo Solo; o pulmão absorve o elemento Água; o coração, o elemento Fogo. Sendo assim, podemos compreender por que esses órgãos desempenham papel tão importante na constituição do corpo humano. Entretanto, até hoje o coração é visto apenas como órgão bombeador do sangue, o qual, cheio de impurezas, é levado ao pulmão para ser purificado pelo oxigênio. Assim, ele é tido unicamente como órgão do sistema circulatório, pois se desconhece por completo a existência do elemento Fogo.
Como dissemos, o estômago digere o alimento, ou melhor, o elemento Solo ingerido pela boca; o pulmão aspira o elemento Água pela respiração; e o coração absorve o elemento Fogo pelas contrações cardíacas. Portanto, a febre que sobrevém quando se adoece, tem por finalidade dissolver as toxinas solidificadas na parte enferma, e o calor necessário ao corpo, isto é, o elemento Fogo, é absorvido do Mundo Espiritual pelo coração. Isso quer dizer que as contrações cardíacas são movimentos bombeadores por meio dos quais esse elemento é retirado do Mundo Espiritual. O aumento das contrações cardíacas, ou melhor, da pulsação, antes de surgir a febre, deve-se à aceleração da aspiração do elemento Fogo. Os calafrios que se têm na ocasião são motivados pelo desvio de calor necessário ao processo de purificação, e assim, provisoriamente, diminui-se a quantidade de calor que mantinha a temperatura do corpo. A diminuição da febre significa o fim do processo de dissolução das toxinas. Sendo assim, a temperatura do corpo é resultante da aspiração incessante do elemento Fogo do Mundo Espiritual, por meio do coração.
Também o pulmão absorve incessantemente, através da respiração, o elemento Água do mundo atmosférico, e por essa razão, além do volume de líquido ingerido pela boca, a água existente no corpo humano também é absorvida, em grande parte, por intermédio dos pulmões. É graças a esse processo que, tão logo a pessoa falece, imediatamente sua temperatura cai, o corpo fica gelado e perde a umidade, o sangue coagula e o cadáver começa a secar. Explicando melhor, com a morte o espírito separa-se do corpo carnal e entra no Mundo Espiritual. Como desaparece o espírito, que é o elemento Fogo, a parte líquida solidifica-se. Em outras palavras, o espírito retorna ao Mundo Espiritual; a parte líquida, ao mundo atmosférico, e o corpo carnal, ao solo.
5 de outubro de 1943



MUNDO ESPIRITUAL



O MUNDO DESCONHECIDO

Vivemos e respiramos no Mundo Material, o Mundo Temporal, mas, com a morte, tornamo-nos habitantes do Mundo Espiritual, o Mundo Desconhecido, isto é, o Mundo Intemporal.
O Mundo Espiritual é invisível, impalpável. Não sendo perceptível pelos sentidos, torna-se difícil crer na sua existência apenas por meio de palavras, através de uma simples explicação. Entretanto, visto que se trata de uma realidade e não de um vazio, seria impossível ele não se manifestar por algum fenômeno, sob qualquer forma.
Com efeito, os fenômenos espirituais – grandes, médios ou pequenos – apresentam-se em todos os aspectos da vida humana, nos seus mínimos detalhes e em todos os locais do mundo. Só que o homem não os percebe. Essa falta de percepção é causada pelo desinteresse da educação da cultura tradicional em relação ao espírito, em decorrência da fase noturna que o mundo atravessava. No escuro da noite, com a luz da Lua, só se consegue enxergar escassamente, mas de dia, com a luz do Sol, é possível distinguir claramente todas as coisas, de forma global e instantânea. Num futuro bem próximo, o Mundo Conhecido, que era regido pela Lua, será o mundo regido pelo Sol, isto é, o mundo sob a Grande Luz. Como resultado dessa mudança de regência, serão revelados todos os segredos, falsidades e erros.
5 de fevereiro de 1947



A EXISTÊNCIA DO MUNDO ESPIRITUAL

Em primeiro lugar, é preciso entender a finalidade do nascimento do homem.
Deus criou o homem para construir o Mundo Ideal, que é o objetivo do Seu governo na Terra, concedendo-lhe missões específicas e utilizando-o conforme Sua vontade. A evolução da era primitiva para a brilhante era cultural de hoje e também o desenvolvimento da inteligência humana até chegar ao estágio atual, foram dirigidos exclusivamente para esse fim.
Não só o homem – criatura de nível mais elevado – mas todas as outras criaturas, inclusive os vegetais e minerais, enfim tudo aquilo que tem forma, está constituído de dois elementos fundamentais: espírito e corpo. Havendo separação desses elementos, o ser deixa de existir, seja ele qual for. Mas pretendo falar apenas sobre o homem.
Quando o corpo carnal se torna inútil, por velhice, doença, perda de sangue, etc., o espírito o abandona e dirige-se ao Mundo Espiritual, onde passa a viver. Esse fenômeno é idêntico no mundo inteiro, seja qual for a raça. Há muitas obras de autores famosos tratando do assunto, entre elas a que se intitula “Raymond”, da autoria de Sir Oliver Lodge (1851-1940), editada na Inglaterra logo após a Primeira Guerra Mundial. Ele registra as mensagens que lhe foram enviadas do Mundo Espiritual por um filho seu que falecera na Bélgica, durante uma batalha daquela guerra. Na época, o livro foi lido por muitas pessoas de diversos países, surgindo daí inusitado movimento de pesquisa do Mundo Espiritual e também grandes médiuns.
Também o famoso autor de “O Pássaro Azul”, o belga Maurice Maeterlinck (1862-1949), tornou-se um estudioso dos fenômenos sobrenaturais após reconhecer a existência do espírito. Com a publicação, logo a seguir, do livro “Exploration in the Spiritual World”, do Dr. Ward, as pesquisas tomaram um impulso ainda mais extraordinário. Nesta obra ele descreve minuciosamente o Mundo Espiritual. Conta que, uma vez por semana, entra em estado de transe, sentado numa cadeira, e se transporta para lá. Nessas ocasiões, o espírito de um tio seu acompanha-o para mostrar-lhe todos os aspectos daquele mundo, orientando-o sobre a sua verdadeira natureza. Também os espíritos de seus amigos e conhecidos desempenham papel de instrutores, enriquecendo sobremaneira os conhecimentos que lhe são ministrados. Trata-se de uma obra muito interessante, que pode ser de grande validade para o conhecimento da vida no Mundo Espiritual, razão pela qual espero que os leitores a leiam.
Inegavelmente há alguns aspectos diferentes entre o Mundo Espiritual do Ocidente e o do Japão. Pretendo posteriormente, através de diversos exemplos, explicar os fenômenos de um e de outro.
Notícias procedentes da Inglaterra há mais de dez anos, dizem que surgiram naquele país centenas de sociedades de pesquisas psíquicas desenvolvendo intensas atividades, e que até foi fundada uma universidade para esse fim, mas eu gostaria de saber a situação presente, porque, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, não tive mais notícias a respeito.
25 de agosto de 1949



A SITUAÇÃO DO MUNDO CONTEMPORÂNEO E O MUNDO ESPIRITUAL

A situação do mundo contemporâneo apresenta-se realmente periclitante, talvez como jamais se tenha visto na História. O temor pela Terceira Guerra Mundial domina quase toda a humanidade. É um problema seriíssimo, pois o conflito envolveria todos os países, e não apenas os litigantes; seria inédita, portanto, a extensão da sua influência.
Essa é a imagem do mundo atual, que se projeta à vista de qualquer um; todavia, se não conhecermos a verdade sobre o Mundo Espiritual, onde está a origem de tudo que acontece neste mundo, não poderemos descobrir a causa do problema. Só depois disso conseguiremos prever o futuro e ter tranqüilidade de espírito. É sobre esse tema que vou escrever agora.
O Plano de Deus é construir o Paraíso Terrestre, e para isso era necessário que a cultura material progredisse até certo ponto. Com esse objetivo, Ele criou o bem e o mal, e foi pelo atrito entre ambos que alcançamos o extraordinário progresso material da atualidade e estamos agora a um passo do advento do Paraíso. Já expliquei isso muitas vezes, mas vou tornar a fazê-lo, caso contrário, as pessoas que nunca ouviram falar sobre o assunto teriam dificuldade de compreender aquilo que hoje pretendo expor.
A luta entre os homens iniciou-se no Mundo Espiritual a partir do momento em que o ser humano foi criado. Os mais fortes queriam apoderar-se de todas as regiões conhecidas àquela época, governando-as conforme sua vontade. Para isso, recorriam à violência, sem distinguir o bem e o mal, tal como vemos presentemente. Assim, pouco a pouco, a inteligência do homem foi se desenvolvendo, e, paralelamente ao aumento da população, ampliou-se a escala da luta, tendo-se chegado, enfim, à situação atual.
O plano de conquista da supremacia mundial foi elaborado há cerca de três mil anos, e seu chefe era um dragão possuidor de grande poder no Mundo Espiritual. Esse dragão incorporou numa divindade e, através dela, quis apoderar-se do mundo, tendo utilizado os métodos mais atrozes. Durante algum tempo a divindade se saiu bem, recorrendo a tudo para atingir seu objetivo, mas, quando já estava prestes a atingi-lo, falhou e recebeu severa punição de Deus. Arrependendo-se, voltou ao seu estado natural. A partir daí, o dragão passou a incorporar nas grandes personalidades de cada época, procurando despertar nelas a ambição de dominar o mundo. Fracassou sempre, mas não aprendeu, e até hoje está lutando tenazmente, com toda a força. Muitos homens considerados importantes estão nesse caso. A História nos mostra que, embora eles tivessem grandes poderes na época, acabaram tendo um triste fim. César, Napoleão, Guilherme II, Hitler e outros podem servir de exemplo.
Creio que agora já podem ter mais ou menos uma idéia da origem da situação atual.
Referindo-me a personagens como os que mencionamos acima, eu sempre digo que são chefes dos demolidores do mundo, pois até agora este não era verdadeiramente civilizado, ainda restando ao homem cerca de cinqüenta por cento de características selvagens. Espiritualmente falando, significa que o homem pecou muito e acumulou máculas; portanto, surge de vez em quando a necessidade de uma ação purificadora. Como para isso é preciso haver demolidores e também limpadores, compreendemos que o aparecimento deles sob forma de grandes personagens é apenas uma manifestação do Plano de Deus. De nada adianta nos aborrecermos ou nos desesperarmos.
25 de fevereiro de 1951



CONSTITUIÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL



MUNDO ESPIRITUAL E MUNDO MATERIAL

Se alguém se interessa por Religião e deseja compreendê-la a fundo, é-lhe indispensável, antes de mais nada, conhecer a relação entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material. Isso porque o alvo da Fé é Deus, e Deus é Espírito, invisível aos olhos humanos; querer apreender a Sua essência apenas teoricamente é tão inútil como procurar peixe numa árvore.
Deus existe; é impossível negá-lo. No entanto, assim como é difícil fazer com que aborígines reconheçam a existência do ar, também é difícil fazer com que a maioria dos homens da era contemporânea reconheça a existência do espírito.
Em primeiro lugar, tentarei explicar a estrutura do Mundo Espiritual, a vida de seus habitantes e outros aspectos desse mundo.
O homem é formado por dois elementos: o corpo carnal e o corpo espiritual. Com a morte, os dois se separam e o espírito imediatamente entra no Mundo Espiritual, onde começa a viver. No momento da separação, o espírito das pessoas muito bondosas sai pela testa; o espírito dos perversos, pela ponta dos dedos do pé, e o das pessoas de nível mediano, pela região umbilical.
Os budistas referem-se à morte com a expressão “vir para nascer”. Analisando do Mundo Espiritual, é realmente “vir para nascer”. Eles também dizem “antes de nascer”, ao invés de “antes de morrer”. Pelas mesmas razões os xintoístas usam as expressões “voltar para o Mundo Espiritual” ou “transmutação para voltar”.
Ao passar para o Mundo Espiritual, o espírito primeiramente atravessa um rio e, a seguir, dirige-se para o Fórum. É um fato incontestável, pois coincide com o que ouvi de muitos espíritos. Quando o espírito acaba de atravessar o rio, a cor de suas vestes se altera. As vestes dos que têm menos máculas tornam-se brancas; as dos outros tomam cores diferentes, de acordo com o peso das máculas: amarelo, vermelho, azul ou preto. Entre as divindades, elas tomam a cor violeta.
O Fórum do Mundo Espiritual é semelhante ao do Mundo Material. Nele, o juiz e seus auxiliares procedem ao julgamento do espírito, decidindo o prêmio e o castigo de cada um. Nessa ocasião, os muito bondosos são conduzidos ao Plano Superior; os perversos caem no Plano Inferior; os que se situam entre uns e outros, ficam no Plano Intermediário, que no xintoísmo chamam de “encruzilhada de oito direções” e no budismo “esquina de seis caminhos”. A grande maioria vai para este plano e aí faz um curso de aprimoramento, cuja parte principal consta de ensinamentos transmitidos pelos sacerdotes da respectiva religião. Esse aprimoramento dura mais ou menos trinta anos. Decorrido esse tempo, é determinado o local a que o espírito será destinado. Aqueles que conseguem arrepender-se vão para o Plano Superior; os demais, para o Plano Inferior.
O Mundo Espiritual é constituído de três planos, cada um dos quais também está subdividido em três níveis, formando, ao todo, nove níveis. O Plano Superior é o Céu; o do meio é o Plano Intermediário; o Inferior é o Inferno. Como o Plano Intermediário corresponde ao Mundo Material, no budismo ele é designado com a expressão “esquina de seis caminhos”, pois se liga aos três níveis do Plano Superior e também aos três níveis do Plano Inferior. No xintoísmo, além desses, acrescentam, acima do Plano Superior, o “Céu Superior”, e, abaixo do Plano Inferior, o “Fundo do Abismo”. Daí designarem o Plano Intermediário como “encruzilhada de oito direções”.
A seguir descreverei sucintamente o Céu e o Inferno.
Quanto mais próximo do ponto mais alto do Céu, mais intensa é a luz e o calor, e a maioria dos espíritos vivem quase nus. Por isso, na maior parte das pinturas e esculturas budistas, as divindades são representadas sem vestes. Ao contrário, quanto mais próximo do ponto mais baixo do Inferno, mais fraca é a luz e o calor; o ponto extremo é completamente escuro e gélido. Portanto, ao deparar com esses sofrimentos, mesmo os espíritos mais perversos são levados ao arrependimento.
Talvez as pessoas da atualidade achem que essa descrição, feita em termos genéricos, seja produto da minha imaginação, mas em verdade trata-se de pontos coincidentes entre levantamentos e estudos que fiz durante mais de vinte anos com inúmeros espíritos, através de médiuns e de todos os meios possíveis. Por isso podem estar certos da veracidade do que lhes estou transmitindo. O Céu e o Inferno pregados por Buda, e o Paraíso, Purgatório e Inferno da “Divina Comédia” de Dante Alighieri (1265-1321), tenho certeza, não são fantasias.
Pode-se mais ou menos deduzir para que plano vai o espírito observando-se a face do morto. Os que não apresentam expressão de sofrimento e cuja pele permanece corada e fresca, como se ainda estivessem vivos, vão para o Plano Superior; aqueles cuja expressão é triste e sombria, e cuja pele se apresenta pálida, sem sangue, ou azul-amarelada, como ocorre com a maioria, vão para o Plano Intermediário; os que ficam com uma expressão de profunda agonia e com a pele escura ou preto-azulada, vão, logicamente, para o Plano Inferior.
Estas explanações têm por objetivo dar-lhes conhecimentos básicos sobre o Mundo Espiritual, mas em outras oportunidades voltarei a falar sobre diversos fenômenos espirituais constatados através de minha própria experiência.
25 de agosto de 1949



CONSTITUIÇÃO DO MUNDO ESPIRITUAL

Como explanei em outras oportunidades, o Mundo Espiritual está constituído dos planos Superior, Intermediário e Inferior, cada um formado de três níveis, perfazendo um total de nove. A diferença entre eles é determinada por dois fatores: a luz e o calor.
No nível mais alto do Plano Superior, a luz e o calor são extremamente intensos; o nível mais baixo do Plano Inferior caracteriza-se pela ausência desses elementos; o Plano Intermediário situa-se entre os dois, correspondendo ao Mundo Material. Neste mundo existem pessoas felizes e pessoas infelizes; isso equivale a estarem respectivamente nos Planos Superior e Inferior.
Como no nível mais alto do Plano Superior a luz e o calor são muito fortes, seus habitantes vivem quase nus. Poderão ter uma idéia disso lembrando que, nas estatuetas búdicas, Nyorai e Bossatsu são representados no estado de seminudez. À medida que se desce para o Segundo Céu, Terceiro Céu, etc., a luz e o calor diminuem. Se um espírito fosse repentinamente elevado do Plano Inferior para o Superior, seria ofuscado pela luz intensa e não suportaria o calor; preferiria, então, retornar ao Plano Inferior. Isso é idêntico ao que acontece no Mundo Material: uma pessoa de baixa categoria elevada a uma posição alta sem ter merecimento, tem mais sofrimentos do que satisfação.
No Plano Superior, a divindade mais alta e mais sagrada é Deus. Toda organização religiosa tem uma divindade padroeira e também um fundador. Exemplifiquemos com o xintoísmo: na seita “Taisha-Kyo”, o padroeiro é Okuninushi no Mikoto; na seita “Ontake-Kyo”, é Kunitokotati no Mikoto; na seita “Tenri-Kyo”, é Tohashira no Kami. O budismo também serve como exemplo: na seita “Shinshu” é Amida Nyorai; na seita “Zen-Shu” é Daruma Daishi; na seita “Tendai” é Kanzeon Bossatsu; etc. Os fundadores de seitas, como Kobo, Shinram, Nitiren, Honen e outros, situam-se na classe de líderes de cada comunidade. Assim, ao entrarem no Mundo Espiritual, os espíritos das pessoas que tinham religião durante a vida terrena ligam-se à organização a que elas pertenciam, e não se pode calcular o quanto são mais felizes que os espíritos dos descrentes. Estes, não tendo uma organização à qual filiar-se, ficam perdidos, extremamente confusos, vagando pelo Mundo Espiritual.
Desde épocas remotas fala-se sobre “espíritos errantes”, porque tais espíritos ficam perambulando pelo Plano Intermediário. Uma vez passando para o Mundo Espiritual, aqueles que não reconhecem a sua existência e não crêem na vida após a morte, não podem se fixar em nenhum lugar, ficando privados de inteligência e juízo durante certo tempo. Como exemplo, citarei um caso ocorrido há alguns anos.
Numa reunião de pessoas que pesquisavam fenômenos espirituais, o espírito de um homem muito famoso manifestou-se, através de um médium. Chamaram, então, a esposa do falecido, a qual, pela maneira como o espírito falava e agia, confirmou que realmente se tratava do marido. Fizeram-lhe muitas perguntas, mas as respostas não eram corretas nem lúcidas, apesar do seu nível de cultura no Mundo Material. Isso acontecia porque aqui neste mundo ele não acreditava na existência do Mundo Espiritual. Vemos, pois, que é necessário o homem crer na existência do Mundo Espiritual e, assim, preparar-se para a vida após a morte.
Mas será que existe realmente aquilo que chamo Plano Superior, mais conhecido como Céu ou Paraíso? A maioria das pessoas pensa que não passa de fantasia dos homens de eras passadas, porém eu estou absolutamente convicto de que ele é uma realidade.
Há uma estória nesse sentido. Faz muito tempo, um sacerdote budista de alta categoria e um catedrático discutiam sobre a existência do Inferno e do Paraíso após a morte. Ao final da discussão, o sacerdote concluiu que eles existem, e o catedrático, que não existem. Enfim, alegando que para ter certeza não havia outro meio senão morrer, o religioso sugeriu que ambos se matassem, e em vista disso o catedrático se rendeu.
O assunto não é para brincadeira, mas, embora o sacerdote budista estivesse com a verdade, se pudermos conhecer o Mundo Espiritual sem recorrer a esse extremo, será muito melhor, não é mesmo?
Citarei alguns fenômenos que pude comprovar através das minhas próprias experiências.
Uma senhora de trinta anos, esposa do diretor de uma empresa, solicitou a minha ajuda por estar gravemente enferma. Como já tinha sido desenganada pelo médico, seus familiares me suplicaram que a salvasse.
Ela residia a cerca de quarenta quilômetros de distância, razão pela qual não me era possível visitá-la com a freqüência que o caso requeria. Por isso, trouxemo-la imediatamente para a minha casa. Pensando na possibilidade de acontecer o pior durante a viagem, o marido também veio com ela no carro. Eu, ao mesmo tempo em que a segurava com uma das mãos, ministrava-lhe Johrei com a outra.
Chegamos sem que houvesse acontecido nada daquilo que nos estava preocupando, mas, pela madrugada, fui tirado da cama pelo acompanhante da doente. Fui vê-la imediatamente. Segurando minha mão com força, ela me disse: “Sinto que algo vai sair de mim e estou com muito medo. Deixe-me segurar sua mão. Tenho o pressentimento de que vou morrer hoje. Chame meus familiares com urgência”.
Telefonei-lhes incontinenti, e, quando eles chegaram, acompanhados do médico da firma onde o marido da senhora trabalhava, já tinha decorrido uma ou duas horas. A essa altura, ela estava em coma e com o pulso bastante fraco. O médico examinou-a e disse que era questão de horas.
À noite, rodeada pelos familiares, a enferma continuava em estado de coma. De repente, mais ou menos às vinte horas, abriu os olhos e começou a olhar à sua volta, como se não estivesse entendendo nada. Por fim explicou: “Fui para um local muito bonito, tão maravilhoso que nem sei como descrevê-lo. Era um jardim todo florido, onde estavam muitas pessoas de rara beleza, e lá no fundo divisei um senhor de ares nobres, semelhante à figura de Kanzeon Bossatsu que se vê em pinturas sacras. Ele olhou na minha direção e sorriu. Fiquei tão grata, que me prostrei no chão, mas logo recobrei os sentidos. Agora estou me sentindo muito bem, como não acontecia desde que adoeci”.
No dia seguinte, ela não tinha mais nenhum sofrimento; estava salva, embora continuasse fraca. Após um mês mais ou menos, recuperou completamente a saúde. Esse exemplo nos mostra que o espírito daquela senhora se separou do corpo por alguns instantes e foi para o Céu, sendo purificado dos seus pecados por Kanzeon Bossatsu.
Outro exemplo.
Uma jovem de aproximadamente vinte anos foi curada de tuberculose pulmonar em estado gravíssimo, mas, depois de aproximadamente um ano, teve uma recaída e faleceu. Essa jovem tinha um irmão mais velho, vadio e viciado em bebida. Um dia, dois ou três meses depois que ela morreu, estando sentado no seu quarto, ele notou uma espécie de fumaça ou neblina roxa a uns dois metros à sua frente, no alto. Essa nuvem começou a descer devagarinho, e acima dela, de pé, ele viu sua falecida irmã. Olhando bem, notou que ela estava muito mais bonita do que quando era viva; vestia-se elegantemente e irradiava uma nobreza divinal. Ela, então, lhe disse carinhosamente: “Vim para aconselhá-lo a abandonar a bebida. Pense no bem da nossa família e no seu próprio e deixe o álcool”. Dizendo isso, subiu novamente na nuvem e começou a elevar-se até desaparecer.
Decorridos alguns dias, aconteceu a mesma coisa, e o fato tornou a se repetir pouco tempo depois. Na terceira vez, surgiu diante do rapaz uma bela ponte curva, toda pintada de vermelho, e a irmã, descendo da nuvem, atravessou essa ponte e lhe disse: “É a terceira vez que venho. A partir de hoje não terei mais permissão para vir. Esta é a última vez”. Depois disso, o fato não se repetiu. Através desse caso, vemos que é possível ter “visões” temporariamente.
Mais um exemplo.
Um rapaz de vinte e poucos anos sofria de uma doença que poderíamos classificar de psíquica. Nessa época, ele estava loucamente apaixonado por uma mulher que trabalhava num bar noturno, e os dois iam suicidar-se juntos. Entretanto, a um passo da tragédia, tive a grata felicidade de salvá-los, pois encontrei, no bolso do rapaz, o veneno que ambos iam tomar.
Levando o casal para minha casa, examinei-os espiritualmente. Segundo constatei pelas palavras do próprio rapaz, um espírito de raposa encostara nele para levá-lo ao suicídio. Nuns vinte minutos terminei o exame, não sem antes ter advertido aquele espírito. O jovem, no entanto, continuava na postura anterior, de olhos cerrados e com as palmas das mãos unidas à altura do peito. Virando-se para a esquerda, inclinou a cabeça como se não compreendesse algo. Passados uns três ou quatro minutos, abriu os olhos, mas continuou de cabeça inclinada. Disse então: “Vi uma coisa bastante estranha. Alguém ao meu lado estava tocando “koto” (1), e o som desse instrumento era extraordinariamente belo e nobre. Embevecido, eu olhava à minha volta e notei que estava num lugar que me pareceu o interior de um santuário muito espaçoso. No fundo havia uma escada que levava a uma sala toda acortinada. Aí, o senhor, vestido com trajes litúrgicos, subiu a escada suavemente e entrou na sala”.
Ouvindo isso, eu comentei: “Se você viu a pessoa de costas, não podia ter reconhecido quem era”. Mas ele confirmou: “Tenho a certeza de que era o senhor”. E descreveu a indumentária que, segundo disse, era constituída de chapéu, blusa azul e calça vermelha. Ele pôde “ver” isso porque, momentaneamente, teve a faculdade de visão espiritual. Esse rapaz era empregado de uma loja e não professava nenhuma Fé, não tinha nenhum conhecimento sobre assuntos espirituais; portanto, creio que o seu relato merece ainda mais confiança. Ressalta-se que à esquerda do lugar onde ele estava sentado ficava o Altar.
Os três exemplos citados poderão servir de ilustração para o conhecimento do interior e do exterior da morada celeste, e também para comprovação da descida de seus habitantes.
Em seguida, escreverei sobre as condições do Paraíso Búdico.
Uma moça virgem, de dezoito anos, serviu de médium, incorporando o espírito de um de seus ancestrais, um samurai que falecera numa batalha travada há mais de duzentos anos. Fora ardoroso adepto do budismo e pouco depois de falecido entrou na seita fundada por Kobo Daishi. Em resposta às minhas perguntas, ele disse:
“Quando eu cheguei aqui, havia uns quinhentos ou seiscentos espíritos, mas, ano após ano, reencarnavam mais espíritos do que entravam, de modo que agora só existem mais ou menos cem.
Moramos numa casa grande, mas não há serviço propriamente dito, e passamos as horas divertindo-nos: tocamos “koto”, “shamissen” (2), flauta, tambor e outros instrumentos musicais; pintamos, esculpimos, lemos, escrevemos, jogamos xadrez, cartas, etc., ou divertimo-nos de outras maneiras que também existem no Mundo Material. De vez em quando há palestras feitas pelo próprio Kobo Daishi e por outros espíritos, e isso constitui a maior das alegrias para nós. Às vezes Kobo Daishi encontra-se com Buda, mas este, segundo ele diz, está num nível acima do Paraíso, onde a luz é muito intensa; quase não se pode olhar para cima, de tão ofuscante que ela é.
Fora da casa, há um grande lago em cuja superfície bóiam inúmeras folhas de lótus, tão grandes que nelas cabem duas pessoas. A maioria é ocupada por casais, que nem precisam remar para se dirigir ao local aonde desejam ir. Não há noite; é sempre dia, e a claridade é um pouco inferior à do dia claro. O sol é semelhante ao do Mundo Material, e seus raios luminosos, purpurinos e suaves, provocam uma sensação agradável”.
Em muitas oportunidades ouvi os espíritos que habitam o Paraíso Búdico dizer que se sentem entediados quando já se encontram ali há muito tempo. Como estão sempre se divertindo, acabam perdendo o interesse e por isso manifestam o desejo de serem transferidos do Mundo Búdico para o Mundo Divino. Não foram poucos os espíritos que transferi para este último, atendendo a seus pedidos. Tal desejo é motivado pelo fato de saberem que o Mundo Divino entrou recentemente numa fase de grande atividade e que todas as divindades e espíritos estão extremamente atarefados. Não preciso dizer que isso se deve à aproximação da Era do Dia, que é regida por Deus, ao passo que a da Noite era regida por Buda.
Passemos, agora, ao Plano Inferior.
O mais baixo dos três níveis que constituem o Plano Inferior é chamado pelos xintoístas “Nezoko no Kuni” (Reino do Fundo da Raiz); os budistas o chamam de “Gokukan Jigoku” (Inferno de Frio Extremo), e no Ocidente dão-lhe o nome de Inferno. Mas, seja qual for a designação, é um local completamente escuro e gelado. O espírito que cair aí, fica sem enxergar nada durante dezenas ou centenas de anos; petrificado pelo frio intenso, não pode se mover nem um centímetro. Sua situação é tão lastimável, que não encontro adjetivos para descrevê-la. O que eu ouvi de um espírito salvo desse local fez-me arrepiar os cabelos. O gélido Inferno retratado por Dante Alighieri na “Divina Comédia” não é absolutamente nenhuma fantasia.
O nível médio do Plano Inferior é o local onde existe carnificina, desejo carnal animalesco, fome, monte de agulhas, lagoa de sangue, poço de serpentes, sala das abelhas e das formigas e outras coisas de que se costuma falar. Os demônios encarregados da vigilância assemelham-se àqueles que vemos nos desenhos, pintados de verde ou vermelho.
Um dos castigos do Inferno consiste em açoitar os espíritos com barras de ferros cheias de espinhos. Segundo eles relatam, a dor é muito maior do que se fosse no corpo carnal, porque, sem a proteção deste, a parte espiritual correspondente aos nervos é atingida diretamente.
Darei mais alguns exemplos de sofrimentos infernais.
Monte de agulhas, a própria expressão já está dizendo o que é: os espíritos são obrigados a andar descalços em cima de agulhas, e a dor que sentem é algo indescritível.
A lagoa de sangue é o lugar para onde vão obrigatoriamente os espíritos das pessoas cuja morte foi motivada por gravidez ou parto. Pelo que ouvi de muitos espíritos, eles ficam submersos até o pescoço nessa lagoa, o ar está impregnado do cheiro de sangue, e continuamente uma infinidade de insetos e vermes sobem até o seu rosto, provocando uma sensação tão horrível que eles se vêem incessantemente obrigados a tirá-los com a mão. Esse sofrimento geralmente dura mais ou menos trinta anos.
Quanto à sala de abelhas, foi descrita pelo espírito de uma gueixa que incorporou no empregado de um salão de beleza. Os espíritos são colocados dentro de uma caixa onde mal cabe uma pessoa, e inúmeras abelhas picam todo o seu corpo, causando-lhes um sofrimento espantoso.
O castigo do fogo é infligido àqueles que morreram queimados ou se atiraram na cratera de um vulcão ativo. Vou relatar um caso sobre esse castigo.
Um homem de meia-idade sofria de epilepsia causada por fogo. Ele conta que, à noite, deitava-se na cama e adormecia, mas à meia-noite despertava. Então, a uns dez metros de distân¬cia, enxergava labaredas que cada vez se tornavam mais próximas. Quando chegavam bem perto, ele tinha um espasmo e fi¬cava com uma febre altíssima. Sentia todo o corpo queimar e en¬trava em transe. Isso havia começado no ano seguinte ao Grande Terremoto, razão pela qual se pode concluir que, em outra vida, ele morrera carbonizado por ocasião de um terremoto.
Relações carnais impuras entre homem e mulher fazem com que os espíritos caiam no Inferno, mas a situação varia de acordo com a gravidade do caso. Por exemplo: quando eles se suicidam por amor, os espíritos de ambos ficam ligados e não podem se separar. Isso é causado pelo desejo que tiveram de permanecer sempre juntos. Os que se suicidam abraçados ficam grudados, sentindo uma vergonha tão grande, que se arrependem seriamente. Às vezes lemos nos jornais a notícia do nascimento de gêmeos ligados por uma parte do corpo; geralmente se trata da reencarnação de um casal que se suicidou por amor. Em casos de amor abomináveis – por exemplo, entre pais e filhos, entre irmãos, entre alunos e professores, etc. – os espíritos também ficam grudados, mas, enquanto um permanece de pé, o outro fica de cabeça para baixo. O incômodo e a vergonha a que os espíritos se expõem levam-nos a um profundo arrependimento.
Diante de tudo isso, poderão entender o equívoco daqueles que, por causa de um amor impossível, recorrem ao suicídio acreditando poderem alcançar a felicidade no Céu. Pode-se, também, compreender claramente a justiça reinante no Mundo Espiritual.
É preciso saber ainda o que acontece com os que são avarentos no Mundo Material, apesar de possuírem muito dinheiro. Trata-se de pessoas materialmente ricas, mas espiritualmente pobres. Passando para o Mundo Espiritual, ficam numa situação de penúria e reconhecem seu erro. Outros, porém, no Mundo Material, têm um nível de vida inferior ao da classe média, mas se contentam com o que têm, vivendo a vida cotidiana cheios de gratidão e empregando suas economias em obras que visam à salvação da humanidade. Ao entrarem no Mundo Espiritual, tornam-se ricos e vivem muito felizes.
Mas existe outra causa para o empobrecimento dos milionários. Há pessoas que não desembolsam o dinheiro que deveriam desembolsar ou não pagam o que deveriam pagar, e isso constitui uma espécie de roubo; espiritualmente, estão acumulando dinheiro furtado, a que se acrescentam juros. O resultado é que os bens vão se esgotando, e, pela Lei do Espírito Precede a Matéria, um dia essas pessoas acabam perdendo tudo o que têm. Muitas vezes vemos o herdeiro de um novo-rico esbanjar toda a fortuna da família por incapacidade ou imoralidade, mas, conhecendo o princípio acima referido, poderão compreender por que isso acontece.
Falemos agora sobre o nível mais alto do Plano Inferior.
É o local para onde vão os espíritos que estão prestes a alcançar o Plano Intermediário, após terem sofrido os castigos infernais. Por conseguinte, os trabalhos a que estão submetidos são de natureza leve, como, por exemplo, servir os alimentos oferecidos nas Moradas dos Ancestrais, consagrados nas casas dos seus descendentes, levar mensagens, dar assistência a outros espíritos, etc. A propósito, convém saber algo a respeito dos alimentos ofertados aos espíritos.
Embora desencarnado, o espírito sente fome se não se alimentar. Mas em que consiste esse alimento? O espírito serve-se do espírito dos alimentos; entretanto, ao contrário do que acontece no Mundo Material, ele se satisfaz com pouca quantidade de comida. Sua alimentação diária consta de uns três grãos de arroz. Portanto, a comida comumente ofertada nos lares dá para um grande número de espíritos e ainda sobra muito. As sobras são dadas àqueles que se encontram na camada dos famintos. Graças a isso, os espíritos ligados a essa família elevam-se mais rapidamente.
Sempre que possível devemos oferecer alimentos aos antepassados, pois, levados pela fome, eles podem se ver forçados a roubar para comer, e, conseqüentemente, cair no Inferno ou encostar em animais, como cão ou gato. Quando o branco se mistura com o vermelho, fica vermelho, e o mesmo acontece quando o espírito humano encosta em animais: vai se degradando progressivamente até que se animaliza. Quando ocorre a reencarnação de um espírito híbrido de homem e animal, o corpo toma a forma desse animal. Existem cavalos, cães, gatos, raposas, texugos e serpentes que entendem o que os homens dizem: trata-se da reencarnação de espíritos híbridos. Sob forma animal, eles são obrigados a um certo grau de aprimoramento, terminado o qual, voltam a nascer sob forma humana.
Há ocasiões em que, após matarem cobras, gatos, etc., as pessoas são perseguidas por grandes sofrimentos. Muitos os atribuem àquele ato, e na maioria das vezes têm razão. Tratando-se de espírito humano sob forma de animal, ele se vinga; se não for o caso, isso não acontece. Na casa de famílias tradicionais, às vezes existe uma cobra de cor verde chamada comumente de “Aodaisho”. Nela está reencarnado o espírito híbrido de um ancestral e de uma cobra, o qual está protegendo seus descendentes. Se estes a matarem, ela se zangará e fará sérias advertências. Caso não se dê atenção a essas advertências, poderá ocorrer a morte de um dos descendentes ou chegar-se ao extremo de ver extinta a família, razão pela qual se deve tomar muito cuidado. O mesmo pode acontecer quando se destrói o “Inari” (3) ou quando se deixa de realizar cerimônias que nele vêm sendo realizadas há muito tempo.
Citei vários exemplos, e entre os leitores provavelmente há alguém que conhece ou ouviu falar de casos que se enquadram dentro daquilo que acabo de explicar.
Vou contar uma das experiências que tive.
Uma vez fui ministrar Johrei numa casa onde havia um cão de grande porte. O dono da casa esclareceu: “Esse cão não é normal. Nunca sai para a rua, vive a maior parte do tempo dentro de casa e só se senta em almofada de seda. Se uma pessoa da família o chama, ele atende, mas o mesmo não acontece se for um empregado. Em relação à comida também é cheio de luxo, e jamais come coisas vulgares. Entende perfeitamente o que lhe falam e não gosta de ficar na cozinha nem nas salas e cômodos inferiores; em tudo, enfim, é idêntico a um ser humano”. Então eu dei a seguinte explicação: “Esse cão é um ancestral seu que se degradou ao nível de vida dos irracionais, reencarnando em forma de cão. Pela afinidade espiritual, foi parar na sua casa. Por isso ele faz questão de que lhe dispensem o tratamento devido a um ancestral”. O dono da casa entendeu a explicação e ficou satisfeito.
O caso seguinte, também verídico, foi vivido por um dos meus discípulos. Eis o que ele contou:
“Há uns vinte e cinco anos, tendo tomado conhecimento de que uma senhora de meia-idade, residente em Yokohama (principal porto do Japão), estava sofrendo uma tortura incomum, fiquei muito curioso e fui visitá-la. Ela usava um pano branco em volta do pescoço, e qual não foi a minha surpresa quando ela o tirou: havia uma cobra enroscada em seu pescoço! Essa cobra entendia o que lhe falávamos, e na hora das refeições a referida senhora pedia permissão para se alimentar, dizendo que limitaria a comida a uma ou duas tigelas. Nesse caso, a cobra afrouxava a pressão, mas, quando o limite prometido era ultrapassado, pressionava novamente e não a deixava comer de forma alguma. Foi a própria senhora que me contou por que aquilo acontecia.
Pouco depois do seu casamento, a sogra adoeceu, e ela não lhe dava comida, para que morresse logo. De fato a sogra acabou falecendo, mais por falta de alimento do que pela própria doença. Por esse motivo, seu espírito foi tomado de grande ódio e, para vingar-se, reencarnara sob forma de cobra e torturava a nora daquela maneira. Assim, esta queria alertar as pessoas o mais possível sobre a temeridade daquele pecado, a fim de redimir-se um pouco que fosse”.
A respeito do trabalho dos animais, há um pensamento errado. O erro consiste em colocá-los no mesmo nível do ser humano. Os trabalhos que deles são exigidos, podem parecer muito cruéis do ponto de vista humano, mas não tanto como se está pensando. Bois e cavalos, por exemplo, até desejam ser maltratados, por isso caminham devagar, propositalmente, desejando ser chicoteados. Não correm por causa da dor, mas para saborear o prazer do açoite. Entre os homens, existe uma anomalia sexual conhecida como sadismo, em que as pessoas atingem o orgasmo maltratando o corpo do outro. Isso é motivado pelo encosto do espírito de animais como bois e cavalos. Sendo assim, é muito bom defender os animais, mas antes deveríamos pensar em defender os homens que são tratados desumanamente.
Para finalizar, acrescento uma explicação sobre a Moradia dos Ancestrais do Lar, do tipo budista. Seu interior representa o Paraíso, e para ali são convidados os ancestrais. No Paraíso, a comida e a bebida são fartas, há todos os tipos de flor, cujo perfume impregna o ar, e soam as músicas mais belas e suaves, de modo que se deve copiar tudo isso, oferecendo aos ancestrais alimentos, flores e incenso. Mesmo nos templos, o bater do bloco de madeira ou de pratos de metal, o toque de flautas, etc., têm efeito de música. O bater do sino na ocasião em que se oferece a comida, serve de chamada para os espíritos.
5 de fevereiro de 1947



ATUAÇÃO DO MAL


ATUAÇÃO DOS DEMÔNIOS

O Universo inteiro movimenta-se pela Lei do Espírito Precede a Matéria. Todos os fenômenos surgem primeiramente no Mundo Espiritual e depois são projetados no Mundo Material em maior ou menor tempo, dependendo da grandeza do fenômeno. A projeção pode ocorrer em alguns dias ou após alguns anos. Entretanto, esse tempo será abreviado à medida que for se aproximando a Era do Dia, o que de fato está acontecendo. Isso, contudo, não é nada em comparação ao Mundo Espiritual, que, atualmente, acha-se numa situação confusa como nunca esteve. A rapidez com que ocorrem as transformações, por sua vez, também evidenciam claramente o Final dos Tempos.

Intensificação das atividades dos demônios
Hoje em dia, o que mais se pode observar é a atuação desesperada dos demônios. Eles exerceram grande influência durante milhares de anos, e à medida que se aproximam seus derradeiros momentos estão se debatendo desesperadamente.
Entre os espíritos satânicos existem chefes; quem está atuando mais, agora, é o dragão vermelho e o dragão preto, e sua família chega a somar quase um bilhão de componentes. Entre eles também há classes – superior, média e inferior – e as tarefas são determinadas de acordo com elas. Os demônios se esforçam bastante para executar fielmente os trabalhos que lhes são ordenados, pois se sentem estimulados ante a possibilidade de subir de classe e receber prêmios, conforme seu mérito.
De sua sede, o chefe emite ordens que são transmitidas ao Espírito Secundário do homem, através dos elos espirituais. Nesse caso, atuam os demônios que correspondem à posição ou classe das pessoas aqui neste mundo, e sua missão é encaminhar o homem cada vez mais para o mal, utilizando-se de todos os meios.
É lamentável, mas isso se manifesta claramente na sociedade. Os métodos são de fato extremamente hábeis e cruéis. Por exemplo: os demônios fazem os homens de nível baixo cometer crimes perversos, como assassinatos, assaltos ou violências; se a pessoa está num nível mais elevado, induzem-na à fraude, à falsificação de dinheiro, de títulos, de obras de arte, etc. Fazem, também, com que o homem se divirta ludibriando mulheres e mocinhas por meio de palavras hábeis, praticando adultério e outras ações condenáveis. Quando a pessoa está acima desse nível, vê-se induzida à prática de crimes astuciosos, embora aparente ser pessoa de bem: usurpar a fortuna alheia, ganhar dinheiro enganando o próximo, subornar, sonegar, esconder produtos, negociar no mercado negro e outros atos escusos. Também é hábito desses demônios levar os homens a embriagar mulheres a fim de abusar delas.
Todos esses casos representam infração da lei; se as pessoas forem descobertas, serão consideradas criminosas. Contudo, há ocasiões em que elas são induzidas a praticar ações que parecem boas, mas que em verdade não o são. Isso ocorre mais freqüentemente entre as pessoas de nível médio para cima, e, como nesses níveis existe um grande número de intelectuais, é preciso muito cuidado. Para inspirar confiança, eles sempre defendem teses orais ou escritas que à vista de qualquer um parecem corretas, mas secretamente fazem o contrário do que pregam. Tratando-se de indivíduos demasiadamente hábeis, todos confiam neles, e por essa razão torna-se difícil avaliar a justeza do que dizem. Isso acontece muito entre os políticos, entre os homens renomados, que gostam de polêmicas, e também entre aqueles que têm certa posição social, de modo que é necessário estar sempre prevenido.
O bem, do ponto de vista de Deus
Não há nada pior do que alguém se dedicar devotadamente a uma causa que acredita ser justa e os resultados mostrarem exatamente o contrário. As pessoas envolvidas nos incidentes de 15-05-32 e 26-02-36 incluem-se nesse caso, assim como aquelas que, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, cometeram atos pelos quais foram julgadas criminosas de guerra e executadas há pouco tempo.
Eis um crime que geralmente passa despercebido: uma pessoa devotar-se à prática de uma teoria, julgando-a maravilhosa, e, na realidade, estar causando desgraça aos seus semelhantes. Tais criaturas são dignas de pena, porque, com o cérebro bitolado pela Ciência, não têm possibilidade de compreender que são manipuladas pelo demônio.
Entretanto, existem pessoas de nível superior, como fundadores de religiões, grandes cientistas que descobriram novas teorias, pensadores renomados, etc., que estão acima da natureza humana e por isso, freqüentemente, tornam-se ídolos, sendo venerados e respeitados durante muitos séculos após sua morte. Evidentemente, não têm nenhuma parcela de maus pensamentos, nenhuma partícula de egoísmo, e entregam sua vida a uma causa; são dignos de admiração. Todavia, mesmo nessas realizações há pontos que beneficiaram a humanidade e pontos que lhe causaram danos. Por isso mesmo não são poucos os casos em que é impossível determinar méritos e deméritos. Torna-se desnecessário dizer que tais pessoas não têm nenhuma relação com o demônio, mas pode acontecer que suas obras sejam úteis até certa época e depois venham a ser prejudiciais. Entre os cientistas e os religiosos isso ocorre com freqüência. É comum chegar ao nosso conhecimento o caso de religiões que eram magníficas na época de sua fundação, mas que, com o tempo, acabaram relaxando, nelas surgindo conflitos e corrupção, de modo que se tornaram nocivas. Idêntico é o que acontece com certas teorias e teses: algo que na ocasião de sua descoberta era de grande importância para o mundo, muitas vezes, com o passar dos anos, pode vir a ser prejudicial.
Em suma, tudo faz parte do Plano de Deus, e para o progresso da cultura lutam o bem e o mal, intercalam-se o claro e o escuro, o belo e o feio. Assim, aproximamo-nos passo a passo do Ideal, que é o profundo Propósito Divino, insondável pela inteligência humana.
25 de dezembro de 1950



DERROTA DO DEMÔNIO

Assim como Cristo foi tentado por Satanás e Buda foi atormentado por seu primo Daiba, no caso da nossa Igreja, Satanás e Daiba também nos espreitam insistentemente. O interessante é que, com o passar do tempo, os demônios estão cada vez mais desesperados; atualmente, eles agem com vigor e força leonina. Todos poderão comprovar a veracidade das minhas palavras através dos fatos que nos últimos tempos estão sendo freqüentemente publicados pelos jornais. Por isso pode-se imaginar que a derrota do demônio está iminente, o que significa que estamos atravessando a véspera do “Fim do Mundo” profetizado por Cristo.
Falando-se em demônio, tem-se a impressão de que seja um só. Na verdade, existem vários, de grande, médio e pequeno poder. Quanto mais máculas o ser humano tiver, mais livremente será manipulado por eles, através de elos espirituais maléficos. Dessa forma, inconscientemente, o homem tomará atitudes que se opõem a Deus. Como os demônios vêm agindo à vontade há milhares de anos, continuam com sua maldade e pensam que nada mudou, porque desconhecem a transição do Mundo Espiritual. Entretanto, como essa transição está se processando, é com razão que eles estão confusos e ainda não despertaram.
À medida que o Mundo Espiritual vai clareando, a luz vai se tornando mais intensa. Quer dizer que está chegando a época de terror para o demônio, pois Luz é o que ele mais teme; diante dela, ele se encolhe e perde a força de ação. É por isso que até nas experiências mediúnicas, se não apagarem a luz, esses espíritos não podem atuar. Só ocorre o contrário quando se trata de um espírito muito elevado. Por esse motivo, como os espíritos satânicos temem a Luz que emana do Poder de Deus, fazem tudo para interromper-lhe o fluxo, procurando criar obstáculos para nossa Igreja.
20 de novembro de 1949



RELIGIÃO E OBSTÁCULO

Desde a antigüidade, costuma-se dizer que os obstáculos são inerentes à Religião. O maior deles, talvez, tenha sido aquele que foi imposto a Cristo. Os obstáculos impostos a Buda por Daiba também são famosos. No Japão, registram-se os de Honen, Shinran, Nitiren e outros, os quais são do conhecimento de todos. Mais próximo de nossos dias, podemos citar as pressões feitas às Igrejas Tenrikyo, Oomotokyo, Hito-no-Miti, etc. Nossa Igreja também não constitui exceção; já foi pressionada inúmeras vezes, enchendo as páginas dos jornais, onde ocupou o desagradável lugar de honra entre as religiões novas. O interessante é que, quanto mais brilhante se anunciar o futuro de uma religião e quanto mais alto for o seu valor, maiores serão os obstáculos enfrentados por ela. Vou explicar por quê.
Pela Lei do Espírito Precede a Matéria, as divindades do Mundo Espiritual, cumprindo as determinações de Deus, procedem à salvação da humanidade através das religiões, de acordo com o tempo, o lugar e o povo. O cristianismo, o budismo e o islamismo são os exemplos mais importantes. Naturalmente, toda religião ensina o bem e tem como objetivo transformar o mundo em paraíso. Isso é ótimo para os homens, mas, para os demônios, é justamente o contrário, pois seu objetivo é criar homens maus, a fim de construir uma sociedade infernal, repleta de angústias e sofrimentos. Para atingir esse propósito, eles lutam incessantemente com as divindades. Essa é a realidade do Mundo Espiritual, que se reflete no Mundo Material, e por isso este é um mundo diabólico, como podemos constatar.
Para um pequeno bem, surge uma ação contrária praticada por um demônio de pouca força; para um grande bem, surge a ação de um demônio muito poderoso. Assim, a Igreja Messiânica Mundial vem enfrentando contínuos obstáculos provocados pelos chefes do mundo satânico. Sendo ela a mais elevada de todas as religiões que já existiram desde o começo da História, aquele mundo está em pânico. Para mim, o fato não requer maiores explicações, mas os messiânicos de todos os lugares podem comprová-lo, em parte, através de encostos espirituais ou fenômenos semelhantes. Atualmente, os demônios que atuam com mais força são o chefe dos dragões vermelhos e o chefe dos dragões pretos; utilizando-se de seus seqüazes, eles estão criando obstáculos em conjunto. Essa luta é travada de uma forma que vai além da imaginação. Gostaria de escrever tudo a respeito, porém, como não tenho a permissão de Deus, deixarei para uma próxima oportunidade, quando tiver chegado o tempo certo. Entretanto, por mais que os chefes dos demônios tentem nos atrapalhar, nós temos ao nosso lado o Supremo Deus, o qual manifesta um poder absoluto; mesmo que estejamos perdendo a batalha por uns instantes, ao final sairemos vencedores, não havendo, portanto, motivo para preocupação. O sofrimento até lá será intenso, mas percebe-se claramente que estamos crescendo de forma considerável, apesar dos contínuos obstáculos.
Convém conhecer a característica dos demônios. Eles possuem uma persistência assustadora e, ainda que falhem inúmeras vezes, não se arrependem nem desistem de seus objetivos de maneira nenhuma. Tentam atingi-los por estes e aqueles meios, insistentemente, utilizando-se de artifícios que nem podemos imaginar. Não há adjetivos para definir sua impiedade, barbárie e crueldade. No entanto, sendo esta a própria natureza dos demônios, o que fazer? Os mais poderosos escolhem e encostam nas pessoas que ocupam posições de destaque na sociedade, nos intelectuais e nos jornalistas. Todo mundo ficaria aterrorizado se conhecesse a extensão desta verdade.
Embora a luta entre Deus e esses terríveis demônios seja travada incessantemente, não tomamos conhecimento dela, por se tratar de um fato ocorrido no invisível Mundo Espiritual. É por esse motivo que o homem – o Rei da Criação – é manejado como se fosse um boneco. Estando diretamente relacionado com o assunto, entendo perfeitamente essa luta, mas creio que é difícil alguém compreender o meu estado espiritual em relação a ela, pois à vezes sinto medo, e às vezes acho graça e até me divirto.
A luta entre o bem e o mal, na Obra Divina, nunca foi tão intensa e variada como atualmente. Ela constitui uma grande peça teatral formada de verdades e falsidades, a qual só pode ser qualificada de misteriosa. Há, porém, um fato muito importante a considerar: a grande transformação do mundo. Na luta travada até hoje entre Deus e o demônio, quando Deus cedia algum terreno, porque se estava na Era das Trevas, era necessário bastante tempo para Ele reconquistar o que perdera; agora, como todos os fiéis sabem, esse tempo está se encurtando consideravelmente. Encontramo-nos na transição para o Mundo do Dia, e a força dos demônios está enfraquecendo cada vez mais. Por essa razão, a rapidez com que vem se efetuando a reconquista, em algumas ocasiões até nos traz vantagens, e a realidade nos mostra isso.
Em maio do ano retrasado, recebemos um golpe que, por um momento, parecia fatal à nossa organização. Pensamos até que jamais conseguiríamos nos recuperar. Hoje, porém, passados apenas dois anos, o progresso da construção dos protótipos do Paraíso Terrestre, em Hakone e Atami, e a expansão da Fé são tão grandes como ninguém poderia imaginar. Essa é uma prova de que o poder de Deus está sendo manifestado com maior intensidade e de que estamos a um passo do advento do Mundo do Dia. Logo virá o tempo em que a Igreja Messiânica Mundial será procurada pelo mundo inteiro. Portanto, uma vez que ela desenvolve uma obra tão grandiosa para a salvação da humanidade, acho até natural que enfrente obstáculos de grandes dimensões.
3 de setembro de 1952

MANIFESTAÇÃO ESPIRITUAL

INCORPORAÇÃO

Desde épocas remotas são muito numerosos os casos de incorporação, cujos tipos também variam bastante. Atualmente, as pessoas consideradas intelectuais julgam que se trata de superstição; além de não darem atenção ao fato, dão à palavra um sentido pejorativo. Entretanto, segundo meus estudos, a incorporação não é absolutamente superstição, podendo ser de espírito do bem ou de espírito do mal. O importante é distinguir exatamente quando se trata de um caso ou de outro.
Há três tipos de incorporação: de divindades de nível elevado, médio ou baixo; de espíritos de animais, que fingem ser divindades, e de espíritos de seres humanos. No primeiro tipo, inclui-se, por exemplo, o espírito dos fundadores de religiões, como a Sra. Miki Nakayama, da religião Tenri-Kyo, a Sra. Naoko Deguti, da religião Omoto-Kyo, os fundadores das seitas Reimyo-Kyo, Konko-Kyo, Kurozumi-Kyo e Hito no Miti, e, ainda, os iniciados Kobo, Nitiren, Honen e En-no Gyodja, dos velhos tempos. No segundo tipo, situam-se as incorporações observadas em muitas crenças vulgares, existentes em grande número na sociedade, tais como “Inari Kudashi no Gyodja”, “Iizuna-Tsukai” e outras. O terceiro tipo, isto é, a incorporação de espíritos de seres humanos, refere-se principalmente aos espíritos dos ancestrais e de parentes mais próximos e recém-falecidos.
Se desenvolvêssemos a capacidade de discernir os tipos de incorporação e soubéssemos dispensar-lhe as devidas cautelas e orientações, a incorporação seria muito útil à sociedade humana. Mas deixo claro que, além desse discernimento ser quase impossível, se o conhecimento sobre o assunto for apenas superficial, as conseqüências poderão ser desastrosas.
Na Europa e na América, estão realizando ativas pesquisas de Parapsicologia. Na Inglaterra e em vários outros países, já existe até Faculdade de Estudos Parapsicológicos, e também estão se desenvolvendo pessoas de alto potencial mediúnico. Como transmissoras de mensagens emitidas do Mundo Espiritual, são dignas de nota as obras do americano Woodrow Wilson (1856-1924) e de Sir Northcliffe (1868-1940), ex-editor do “The London Times”. Entretanto, em todos os lugares a situação é idêntica, e na verdade, mesmo na Europa ou nos Estados Unidos, aqueles que se dedicam a esse tipo de pesquisas estão sempre lutando contra o ceticismo das pessoas obstinadas, intituladas intelectuais, e contra a descrença dos cientistas bitolados no materialismo. Mas a vantagem é que, como naqueles países as leis não são medievais, a pesquisa é livre. Se fizermos uma comparação, concluiremos que, pela opressão do governo e pela descrença dos cientistas, até hoje, lamentavelmente, ainda não foram realizadas pesquisas consideráveis no Japão.
5 de fevereiro de 1947


INCORPORAÇÃO E ENCOSTO
DE ESPÍRITO ENCARNADO

Falei a um universitário sobre espírito e fenômenos espirituais, mas ele não se convencia. Como que me desafiando, disse: “Então veja se há algum espírito incorporado em mim”. Imediatamente procedi ao exame espiritual e, não demorou muito, o rapaz entrou em transe e começou a falar com jeito de mulher jovem. Havia incorporado o espírito de uma pessoa viva: o da empregada de um bar noturno que dele se enamorara e com quem de vez em quando ia passear. O espírito fez este pedido: “Faz tempo que ele não vem me ver. Gostaria que lhe dissesse para vir, pois estou com muita saudade”. Apesar de o pedido ter sido feito por espírito de gente viva, fiquei constrangido ao ser solicitado para transmitir o recado.
O universitário voltou a si sem compreender o que estava se passando, e eu então lhe perguntei: “Como foi?” Ao que ele respondeu: “Não sei se entrei em transe, não entendi nada”. Quando lhe contei o que acontecera, espantou-se e, envergonhado, coçando a cabeça embaraçado, teve de admitir a existência do espírito.
Também fiz exame espiritual numa jovem gueixa que incorporou o espírito do amante. Depois de lhe fazer várias perguntas, compreendi que se tratava do espírito do proprietário de uma casa que vendia açúcar por atacado. Ele disse o seguinte: “Combinei encontrar-me com esta gueixa hoje à noite, mas, como surgiu um compromisso, peço-lhe o favor de dizer-lhe que só posso encontrar-me com ela amanhã”. Suas palavras e gestos eram de um homem de quarenta a cinqüenta anos, não havia dúvida. Quando transmiti o recado à jovem, ela se espantou. Disse que entrara em transe e não sabia absolutamente o que falara, mas que realmente havia combinado aquele encontro.
Certa vez, fui procurado por uma moça de mais ou menos vinte anos, a qual me disse que lhe parecia ter sido acometida de hipocondria, e que estava achando o mundo muito sem graça. Então eu lhe fiz várias perguntas, dizendo, entre outras coisas, que não havia razão para uma pessoa de aparência tão sadia estar assim, além do mais sendo tão bonita. Acrescentei que devia haver um motivo especial. Finalmente, compreendi que a causa de tudo era um rapaz da vizinhança, o qual se apaixonara por ela. “Ele tenta me conquistar através de cartas e vários outros meios – disse a moça – mas eu não gosto dele e já lhe disse não várias vezes; entretanto, ele fica sempre postado perto da minha casa e, de medo, eu quase não saio”. Então eu expliquei à jovem que o espírito daquele rapaz estava encostado nela. Sabendo disso, ela ficou tranqüila, pois compreendeu que não estava doente. A partir daí, foi melhorando pouco a pouco e acabou por se recuperar completamente.
Se é difícil fazer uma pessoa compreender a existência de espírito desencarnado, muito mais difícil ainda é fazê-la compreender encosto de espírito encarnado. Todavia, trata-se de uma verdade indubitável, e eu gostaria de que lessem conscientizados disso.
Ainda poderia citar vários exemplos, mas acho que esses três são suficientes. Acrescento, porém, que o fato geralmente ocorre nas relações amorosas entre homem e mulher. Quanto à hipocondria daquela moça, era motivada pelo pessimismo do rapaz, gerado pelo amor não correspondido. Esse estado refletia-se nela, através do elo espiritual. Como se pode concluir, encosto de espírito encarnado significa o reflexo do pensamento de outra pessoa. Quando, ao contrário do caso que citei, os dois se amam, os elos espirituais de ambos se interrelacionam, produzindo uma sensação extremamente agradável. Se a ligação se torna inseparável, é, em grande parte, devido a essa sensação.
Encosto de espírito desencarnado provoca uma sensação de frio; encosto de espírito encarnado, sensação de calor.
Tratando-se de espíritos encarnados como os dos casos citados, não há grande problema, mas existem os que são terríveis. É o que ocorre, por exemplo, no triângulo amoroso. Quando duas mulheres disputam um homem, os ciúmes de ambas se materializam e lutam entre si. Em geral a esposa sai vencedora, porque é natural o justo vencer; sua obstinação fará com que a amante acabe se afastando, acometida por doença, falecendo ou arranjando outro amante.
Se o espírito encarnado for de gente, a incorporação não é tão grave; pior é quando se trata do espírito de “kudaguitsune”. Desde a antigüidade, quem pratica esse tipo de incorporação são ascetas aos quais se dá o nome de “iizuna-tsukai”. Eles aceitam todos os trabalhos que lhes pedem, como, por exemplo, fazer vinganças. O “kudaguitsune” é um tipo de raposa pouco menor que um melão e tem um pêlo branco e macio; seu espírito é muito obediente ao homem e faz qualquer maldade que lhe ordenem. Desde tempos remotos há muitos “iizuna-tsukai” na região sul, e aí se aconselha que ninguém se case com eles, porque, se lhes desagradarem na menor coisa que seja, eles se vingarão. Há, também, a incorporação do espírito encarnado de outros tipos de raposa. Seu corpo permanece no “Inari” (4) ou nas matas, e só o seu espírito atua.
25 de agosto de 1949



DOENÇA E ESPÍRITO



AS DIVERSAS EXPRESSÕES
FACIAIS APÓS A MORTE

A morte pode ocorrer de muitas formas. Uns morrem de repente, por hemorragia cerebral, apoplexia, ataque cardíaco, desastre, etc., e quem nada conhece sobre o assunto diz que essas pessoas é que são felizes, porque não passam pelas angústias nem pelas dores da doença. Entretanto, nada mais errado; ninguém é mais infeliz do que elas. Como não estavam preparadas para morrer, mesmo habitando o Mundo Espiritual não têm noção de que faleceram e continuam pensando que estão vivas. Além do mais, como os elos espirituais se mantêm após a morte, o espírito, através desses elos, tenta encostar num parente consangüíneo. Geralmente encosta em criança ou em pessoas fisicamente enfraquecidas, como senhoras anêmicas em conseqüência de parto, visto que nelas o encosto se torna mais fácil.
Essa é a causa da paralisia infantil autêntica, e também pode ser a causa da epilepsia. É por isso que a paralisia infantil freqüentemente apresenta sintomas semelhantes aos da hemorragia cerebral. A epilepsia manifesta os sintomas dos instantes da morte. Por exemplo: quando a pessoa espuma, é porque se trata da incorporação do espírito de alguém que morreu afogado; se tem ataque ao ver fogo, trata-se da incorporação do espírito de uma pessoa que morreu queimada. Há diversos outros casos em que se manifestam condições relacionadas com morte antinatural. O sonambulismo também tem a mesma causa, assim como muitas doenças de origem espiritual.
Sobre mortes antinaturais, há um aspecto que convém conhecer.
Os espíritos daqueles que morreram assassinados, que se suicidaram, etc., durante algum tempo não podem sair do local em que ocorreu a morte, e são chamados de “espíritos presos à terra”. Geralmente eles ficam circunscritos a um espaço mais ou menos exíguo (de dez a cem metros) e, não suportando a solidão, tentam atrair companheiros.
É também devido à solidão que se tornam freqüentes as mortes nos locais onde aconteceram desastres, como estradas de rodagem e de ferro, nos locais onde houve afogamentos, como lagos e rios, ou onde alguém se enforcou.
Os “espíritos presos à terra” não podem desligar-se desses locais durante cerca de trinta anos, mas, de acordo com a atenção e o carinho que seus familiares lhes dispensam, oferecendo-lhes cultos para sua elevação, esse tempo pode ser muito abreviado. Por isso, devem dispensar uma atenção toda especial aos espíritos daqueles que não tiveram morte natural.
Todos os mortos, especialmente os suicidas, continuam no Mundo Espiritual com as dores e as angústias do momento em que morreram. Os suicidas se arrependem seriamente, porque o Mundo Espiritual é a continuação do Mundo Material. Por essa razão, se a morte ocorre em meio a sofrimentos, o espírito vai para o Plano Intermediário ou para o Plano Inferior, mesmo que se trate de uma pessoa bondosa. Quem era solitário antes de morrer, continua solitário no Mundo Espiritual; os que não tinham sorte, continuam sem sorte.
Contudo, há casos particulares em que a situação no Mundo Espiritual torna-se o oposto do que era no Mundo Material. É o que acontece, por exemplo, com aqueles que enriqueceram à custa do sofrimento alheio. É, também, o caso dos avarentos. Indo para o Mundo Espiritual, eles ficam paupérrimos e se arrependem enormemente. Ao contrário, pessoas que no Mundo Material gastaram grandes somas para o bem da humanidade, acumulando méritos pelo altruísmo praticado, no Mundo Espiritual tornam-se ricas e afortunadas. Criaturas que aparentavam uma dignidade que não tinham, poucos meses ou um ano depois da passagem para o Mundo Espiritual tomam uma aparência de acordo com seu verdadeiro caráter. Isso se justifica porque o Mundo Espiritual é o mundo do pensamento, e aquilo que esconde o pensamento, ou seja, o corpo carnal, já não existe. Os pensamentos malévolos e indignos fazem com que o espírito tome um aspecto feio ou até horrível; já o espírito daqueles que acumularam méritos pelo seu altruísmo, toma uma aparência bondosa e agradável. Podem, pois, compreender a diferença entre o Mundo Espiritual e o Mundo Material. Realmente, no Mundo Espiritual não há parcialidade de forma alguma.
Anos atrás, havia entre meus subordinados um jovem chamado Yamada. Um dia, ele me disse: “Peço licença para ir a Ossaka tratar de um assunto”. Sua expressão e seu comportamento não eram normais. Perguntei-lhe que assunto ele tinha a tratar naquela cidade, mas suas respostas foram evasivas e confusas. Decidi, então, examiná-lo espiritualmente. Nessa ocasião, eu estava pesquisando os fenômenos espirituais com grande interesse.
Fiz com que o rapaz se sentasse e cerrasse as pálpebras. Quando iniciei o exame espiritual, ele começou a se contorcer de dor. Manifestou-se, então, um espírito que se identificou como sendo o de um amigo seu.
“Quando eu era empregado de uma firma de Ossaka – disse ele – fui despedido por um dos diretores, que acreditou nas calúnias de certo indivíduo. Fiquei num tal estado de inconformismo e desespero, que me matei, tomando veneno. Pensava que, suicidando-me, estaria pondo fim na minha existência, que voltaria ao nada, mas, ao invés disso, os sofrimentos dos instantes da morte continuavam indefinidamente. Fiquei deveras surpreso e me arrependi seriamente do que havia feito. Ao mesmo tempo, pensei em vingar-me do diretor da firma, que fora o causador de tudo, e por isso encostei em Yamada, para levá-lo a Ossaka, e, por suas mãos, assassinar aquele homem”.
O espírito parecia estar padecendo intensamente e me suplicou que lhe aliviasse o sofrimento. Então eu lhe fiz ver seus erros e lhe ministrei Johrei. Imediatamente ele se sentiu aliviado e me agradeceu muitas e muitas vezes. Prometendo desistir do seu intento, retirou-se.
Durante o tempo em que o espírito esteve incorporado em Yamada, este ficou completamente inconsciente; depois, não se lembrava de nada do que tinha falado. Quando retornou a si, contei-lhe o que se passara. Ele ficou surpreso e, ao mesmo tempo, muito contente por se ver salvo de um grande perigo.
Pelo exposto, devem compreender que, embora esteja enfrentando o maior dos sofrimentos, o homem jamais deve cometer suicídio. Os casais que se suicidam por amor estão completamente afastados da realidade. Muitos pensam que, morrendo, vão para o Céu, onde deslizarão por um lago tranqüilo, sentados numa folha de lótus, e viverão na maior felicidade. Isso é um grande engano. Vou explicar com mais detalhes.
Quando um homem e uma mulher se suicidam abraçados, os espíritos de ambos, ao entrarem no Mundo Espiritual, ficam grudados um ao outro sem poder separar-se, sujeitos a grandes incômodos. Como essa situação vergonhosa é vista pelos demais espíritos, não é pequeno o seu arrependimento. Casais que se matam por amor, geralmente ficam colados costa com costa, ou barriga com costa, etc., conforme o pensamento e a atitude do momento da morte, e perdem toda a liberdade, o que torna tudo mais difícil. Os espíritos daqueles que tiveram relações sexuais imorais e abomináveis, como por exemplo o incesto, além de ficarem grudados, se um fica de pé, o outro fica com a cabeça para baixo, de modo que a sua dor e desconforto estão além da imaginação. Quando se trata de relações imorais de eclesiásticos, professores e outras pessoas que devem dar exemplo às demais, evidentemente a pena é mais pesada.
25 de agosto de 1949

DOENÇA E ESPÍRITO

Conforme já expliquei pormenorizadamente, a doença é o aparecimento e o transcurso do processo de purificação, mas convém saber que existem muitas doenças de origem espiritual. Muito se tem falado sobre isso desde tempos remotos, havendo mesmo certas religiões que afirmam que quase todas as doenças têm origem espiritual. Através de pesquisas, entretanto, eu soube que a doença pode ser decorrente de ação espiritual ou processo purificador. Também descobri que entre os dois tipos há uma relação íntima e inseparável, pois o encosto de espírito enfermo limita-se ao local maculado do corpo espiritual. Portanto, se este, pela dissolução das máculas, ficar purificado até certo grau, não só desaparecerá a doença do corpo material, mas também será impossível o encosto do espírito enfermo, e a pessoa se tornará saudável, física e espiritualmente.
5 de fevereiro de 1947



OS JAPONESES E AS DOENÇAS PSÍQUICAS

Atualmente, as pessoas vivem falando sobre degradação moral, aumento de crimes, política deficiente, etc. Vou mostrar que tudo isso tem profunda relação com a doença psíquica. Em primeiro lugar, explicarei a verdadeira causa desse tipo de doença. Todos vão se surpreender, mas, como se trata da própria Verdade, estou certo de que compreenderão, a menos que se trate de um doente mental.
A verdadeira causa da doença psíquica é física e, ao mesmo tempo, fenômeno de encosto. Para os homens da atualidade, que receberam uma educação materialista, talvez seja um pouco difícil entender isso, o que é plenamente justificável, pois lhes incutiram na mente que não se deve acreditar naquilo que não se vê. Porém, a Verdade é a Verdade, mesmo que a neguem. Se disserem que o espírito não existe, por ser invisível, terão de concluir que também não existe o ar nem os sentimentos.
O espírito existe porque existe; o fenômeno de encosto também existe porque existe. Se não partirmos desse princípio, não poderei explanar a minha tese. Assim, é melhor que aqueles que negam firmemente a existência do espírito não a leiam. Há pessoas que nos julgam supersticiosos, mas para nós elas é que o são; portanto, consideramo-las dignas de pena.
Mostrarei, a seguir, por que eu afirmo que a doença psíquica é um fenômeno de encosto.
Muita gente se queixa de ter o pescoço e os ombros enrijecidos. Creio mesmo que quase todos os japoneses se queixam disso. Aliás, pela minha longa experiência, posso afirmar que todas as pessoas apresentam esses sintomas. É raro alguém dizer o contrário, mas, em tais casos, o que acontece é que o pescoço e os ombros da pessoa se encontram tão rijos, que se tornam insensíveis à dor. Esse enrijecimento constitui a verdadeira causa da doença psíquica. Posso imaginar o espanto e a surpresa dos leitores, mas creio que, com o desenrolar da explicação, vão acabar compreendendo.
Com o enrijecimento do pescoço e dos ombros, as veias que levam o sangue ao cérebro ficam comprimidas, causando anemia na parte frontal da cabeça. Aí está o problema, pois a anemia cerebral não se resume numa simples anemia. Como o sangue é espírito materializado, ela não é senão a falta de células espirituais que alimentam o cérebro, provocando o enfraquecimento espiritual, causa imediata da doença psíquica. Os espíritos aguardam essa oportunidade para encostar. A maioria é de animais como raposa, texugo e, mais raramente, cães e gatos, e sempre é um espírito desencarnado. Pode haver, também, encosto simultâneo de espírito humano e animal.
Analisando o pensamento humano, diremos que ele é constituído de razão, sentimento e vontade, os quais levam o homem à ação. A função da parte frontal do cérebro é comandar a razão, e a da parte posterior é comandar os sentimentos. Como prova disso, o amplo desenvolvimento da parte frontal da cabeça, nas pessoas de raça branca, indica a riqueza da razão; ao contrário, as de raça amarela possuem a parte frontal estreita e a parte posterior desenvolvida, indicando a riqueza dos sentimentos. Todos sabem que a raça branca é a mais racional, e a raça amarela a mais emotiva. A razão e o sentimento estão sempre em luta dentro do homem. Se a razão vencer, não há falhas, mas a pessoa torna-se fria; se o vencedor for o sentimento, os instintos ficam em liberdade, o que é perigoso. O ideal é os dois se harmonizarem e a pessoa não pender para um só lado, mas geralmente isso não acontece. Para o sentimento ou a razão se expressarem em ação, seja grande ou pequena, necessita-se da vontade, a qual provém de uma função situada em determinado ponto da zona umbilical. Essa é a origem de todas as ações, e a união dos três elementos – razão, sentimento e vontade – constitui a trilogia do pensamento.
O enfraquecimento espiritual na parte frontal da cabeça provoca insônia. Esta, na maioria das vezes, é causada por pontos solidificados na zona occipital direita, que comprimem as veias. Como a insônia acelera o enfraquecimento espiritual, os espíritos aproveitam a oportunidade para encostar. A parte frontal da cabeça é a sede de comando do corpo, e o espírito, ocupando essa parte, consegue dirigir livremente o indivíduo. Ele tem interesse em utilizá-lo à sua vontade, pois com isso se torna influente entre os companheiros. O ser humano nem pode imaginar como é grande esse interesse. Brevemente, baseando-me nas minhas observações, pretendo escrever sobre os espíritos de raposa.
Conforme eu vinha explicando, a razão controla constantemente o sentimento – que é o instinto do ser humano – cuidando para este não cometer erros. Por isso o homem pode, mesmo precariamente, levar uma vida normal, pois o instinto está sendo dominado pela razão que, funcionando como lei, mantém a ordem na vida. Portanto, se o homem perde a força dessa lei, o sentimento se desvia, livre e desenfreado. Eis o que é a doença psíquica.
Sabedor de que a lei está brilhando dentro da parte frontal da cabeça do homem, o espírito desejoso de dominá-lo encosta num certo ponto, objetivando aquela região. É claro que, se a pessoa estiver com a plenitude de sua energia espiritual, não há possibilidade de encosto.
A força de atuação do espírito é variável. Se na parte frontal da cabeça a energia espiritual da pessoa for de 100%, o encosto é impossível; se for 90%, o espírito encostará 10%; no caso de se tornar 80, 70, 60, 50 ou 40%, o espírito encostado conseguirá manifestar uma força de 20, 30, 40, 50 ou 60%. Quando a força da razão é 40%, torna-se impossível controlar a força do sentimento, que é 60%; assim, o espírito encostado pode governar livremente o homem. Como explanei no início, o enrijecimento do pescoço e dos ombros comprime as veias e causa o enfraquecimento espiritual, propiciando ao espírito encostado atuar na mesma proporção desse enfraquecimento.
Atualmente, todo mundo está nessas condições. Pode-se dizer, portanto, que não há ninguém com energia espiritual total; até aqueles que são respeitados na sociedade pela sua integridade moral, têm deficiência de mais ou menos 20 a 30%. Às vezes acontecem coisas que nos levam a perguntar: Por que uma pessoa tão maravilhosa cometeu tal erro? Será que não entendeu aquilo? Por que será que falhou? E outras perguntas semelhantes. A razão de tais atitudes está nos 20 ou 30% de deficiência da energia espiritual da pessoa. Entretanto, essa porcentagem não é fixa; está constantemente oscilando. Mesmo quando tomam atitudes louváveis, os homens têm cerca de 20% de deficiência; quando têm maus pensamentos e por algum motivo cometem um crime, estão com aproximadamente 40% de deficiência. Isso é o que vemos acontecer com freqüência. Quando retorna aos 20%, em geral a pessoa se arrepende do que fez. Segundo um dito popular, ela foi tentada pelo demônio.
O normal é ter-se de 30 a 40% de enfraquecimento da energia espiritual, mas, conforme o motivo, a qualquer momento essa porcentagem pode ultrapassar os 50%. Nesse caso, as pessoas cometem crimes inesperados. Um exemplo disso é a histeria, cuja causa, quase sempre, é o encosto de um espírito de raposa, o qual domina a razão e, levado pelo ciúme ou pela ira, atua com uma força que excede o limite dos 50%. Assim, as pessoas fazem escândalos ou falam coisas incoerentes, nas quais nem estavam pensando. Mas isso não continua por muito tempo, porque aquele limite de 50% novamente se reduz. Sendo assim, o homem deve fazer o possível para manter o limite de no máximo 30% de enfraquecimento da sua energia espiritual; se chegar a 40%, já é perigoso.
Creio que, tomando conhecimento do que acabamos de explicar, poderão compreender perfeitamente por que há tantos criminosos hoje em dia. Como o espírito encostado é de animal, se a sua força de atuação ultrapassar o limite dos 50%, temporariamente o espírito da pessoa ficará nas mesmas condições daquele, embora a aparência seja de ser humano. A diferença mais notável entre o homem e o animal é que o primeiro tem capacidade de reflexão, mas o segundo não tem. A vontade do animal é apenas matar a fome, mas, como a ganância do homem é ilimitada, uma vez que ele manifesta características animais, revela uma crueldade inimaginável.
Como eu falei, já que não existe ninguém cujo espírito seja 100% forte, todas as pessoas – umas mais, outras menos – são influenciadas pelo encosto de um espírito; assim, proporcionalmente à força de atuação desse espírito, todas sofrem de doença psíquica. Falando sem reserva, não é exagero afirmar que todos os japoneses, sem exceção, são doentes mentais, mesmo que em pequena proporção.
Vou relatar minha experiência sobre isso.
Diariamente encontro dezenas de pessoas e converso com elas sobre vários assuntos, mas posso dizer que todas cometem falhas, que todas fazem coisas esquisitas; até mesmo as que merecem consideração social, embora nestas, normalmente, as falhas não sejam percebidas. Sendo assim, creio que podemos dizer que a doença psíquica em menor grau está generalizada.
E não é só o que as pessoas dizem, mas também o que fazem. Pelas atitudes do dia-a-dia percebe-se claramente que quase ninguém tem bom senso. As criaturas não mostram o mínimo interesse pela etiqueta e pelas boas maneiras. Em geral, quando entram na sala e me cumprimentam, olham para lugares como a parede, o jardim, etc. Há algumas que são cheias de mesuras, e outras, ao contrário, secas demais, pelo que se pode concluir que todo mundo é doente psíquico em pequeno grau.
25 de setembro de 1949



ELO ESPIRITUAL



ELO ESPIRITUAL

Até agora pouco se tem falado sobre elo espiritual, porque ainda se desconhece a sua importância. Entretanto, embora os elos espirituais sejam invisíveis e mais rarefeitos que a atmosfera, através deles todos os seres são influenciados consideravelmente. No homem, eles tornam-se o veículo transmissor da causa da felicidade e da infelicidade. Em sentido amplo, exercem influência até sobre a História. Portanto, o homem deve conhecer o seu significado.
Primeiramente desejo advertir que isso é Ciência, é Religião e também preparação para o futuro. O princípio da relatividade, os raios cósmicos e os problemas referentes à sociedade ou ao indivíduo, tudo se relaciona com os elos espirituais. Vejamos a relação existente entre eles e o homem.
Tomemos como exemplo um homem qualquer: pode ser o próprio leitor. Ele não sabe quantos elos espirituais estão ligados a ele; podem ser poucos, dezenas, centenas ou milhares. Há elos espirituais grossos e finos, compridos e curtos, bons e maus, e constantemente causam influência e transformação no homem. Portanto, não é absurdo dizer que este se mantém vivo graças aos elos espirituais. Entre estes, o mais forte é o que existe entre um casal; a seguir, o que existe entre pais e filhos, entre irmãos, entre tios e sobrinhos, entre primos, amigos, conhecidos, etc. Creio que as expressões “laços de afinidade” e “ter afinidade com alguém”, usadas desde a antigüidade, referem-se aos elos espirituais.
Os elos espirituais sempre se modificam, tornando-se grossos ou finos. Quando há harmonia entre o casal, ele é grosso e brilhante; quando os cônjuges estão em conflito, ele torna-se mais fino e perde o brilho. Entre pais e filhos, entre irmãos, etc., dá-se a mesma coisa.
Também podem ser formados novos elos, quando uma pessoa trava conhecimento com outra, quando inicia uma amizade e, principalmente, um namoro. Chegando o namoro ao clímax, o elo torna-se infinitamente grosso e transmite intensas vibrações de um para o outro. São trocadas não só sensações agradáveis e sutis, mas também de tristeza e solidão. Por esse motivo, o elo espiritual torna-se extremamente forte e é impossível a separação. Nesse caso, mesmo que uma terceira pessoa tente interferir no romance, não só não obterá nenhum resultado mas, ao contrário, fará aumentar ainda mais o grau da paixão. Quando duas pessoas se amam, é como o pólo positivo e o pólo negativo em eletricidade, que se tocam e geram a energia elétrica; nesse caso, o elo espiritual trabalha como fio elétrico. Tempos atrás, extinguindo espiritualmente o pólo positivo, salvei duas estudantes que, envolvidas num amor lésbico, estavam a um passo de duplo suicídio. Consegui que a moça que representava o pólo positivo voltasse à normalidade em cerca de uma semana. Esfriado o ardor da paixão, foi rompido o elo espiritual, e a outra, automaticamente, também voltou à normalidade.
O elo espiritual entre pessoas que não têm laços de consangüinidade pode ser rompido, mas é impossível romper o que existe entre parentes consangüíneos. No caso de pais e filhos, deve-se dar atenção a um ponto: como eles sempre estão pensando uns nos outros, o caráter dos filhos sofre a influência do caráter dos pais, através do elo espiritual. Portanto, se os pais desejam melhorar os filhos, em primeiro lugar devem melhorar a si mesmos. Freqüentemente eles fazem coisas erradas e vivem advertindo os filhos, porém isso não dá muito resultado, e o motivo é o que acabamos de expor. Muitas vezes, entretanto, admiramo-nos por ver pais maravilhosos com um filho transviado. A verdade é que esses pais são boas pessoas por interesse e apenas na aparência, mas seu espírito está maculado, e isso se reflete no filho. Pode também acontecer que, entre dois irmãos, um seja bom e outro seja corrupto. A causa está na vida anterior e nas máculas dos pais. Para que possam compreendê-lo, falarei sobre o princípio da reencarnação.
Após a morte, o espírito vai para o Mundo Espiritual, isto é, nasce nesse mundo. Referindo-se à morte, os budistas usam a expressão “Odyo”, que significa “vir para nascer”. Analisando do ponto de vista do Mundo Espiritual, é realmente o que acontece. Ali se efetua a purificação das máculas acumuladas no Mundo Material, e os espíritos que atingiram certo grau de purificação voltam a nascer neste mundo, ou melhor, reencarnam. Todavia, há pessoas perversas que se arrependem ao morrer, seja por medo do castigo, seja por outros motivos. Tendo compreendido que o homem nunca deve praticar o mal, fazem o firme propósito de se tornarem virtuosas na próxima vida e, quando reencarnam, praticam realmente o bem. Vemos, pois, que, embora alguém seja muito bom nesta vida, na encarnação anterior pode ter sido um grande perverso.
Muitos homens, enquanto estão vivos, não acreditam na vida após a morte e, depois que morrem, não conseguem se integrar no Mundo Espiritual. Pelo apego à vida, reencarnam antes de estarem suficientemente purificados e sofrem várias purificações no Mundo Material, pelas máculas que ainda restam em seu espírito. Como o sofrimento é uma ação purificadora, um homem pode ser infeliz apesar de ter sido bom desde que nasceu. Os defeituosos de nascença, como por exemplo cegos, mudos e aleijados, são pessoas que tiveram morte violenta na encarnação anterior e reencarnaram antes de concluída a purificação.
Um caso interessante e freqüente de reencarnação é o de crianças que nascem com feições de velho. Isso acontece porque essas pessoas morreram idosas na vida anterior, e reencarnaram precocemente; só dois ou três meses após o nascimento é que tomam feições de bebê.
Ocorre, ainda, o caso do reflexo das más características dos pais sobre um dos filhos, o qual se torna perverso, ao passo que num outro se reflete a consciência, ou melhor, o lado bom dos pais, e por isso este filho se torna bondoso. Acontece também com freqüência que, tendo os pais enriquecido ilicitamente, um filho se torne esbanjador, gastando dinheiro como água, até acabar com a fortuna da família. Como se trata de riqueza ilícita, os ancestrais escolhem um descendente que, dilapidando essa riqueza, na verdade está trabalhando para salvar a família. Desconhecendo essa verdade, as pessoas acham que tal filho é desprezível; por isso, ele é digno de pena.
Estamos ligados por elos espirituais não só aos parentes e amigos vivos, mas também àqueles que se encontram no Mundo Espiritual. Existe, ainda, o elo espiritual que nos liga a Deus e também o que nos liga a Satanás. Deus nos estimula para o bem, e Satanás para o mal. O homem é manejado constantemente por uma força ou por outra. Assim, o espírito que foi purificado até certo ponto no Mundo Espiritual, é escolhido como Espírito Guardião, o qual protege a pessoa confiada à sua guarda, através do elo espiritual que os une. Quando ela está sujeita a um perigo iminente, o Espírito Guardião transmite-lhe um aviso e tenta salvá-la. Como exemplo disso, podemos citar o caso de uma pessoa que vai pegar um trem mas que, por ter se atrasado ou por algum outro problema, não o pega, tomando o trem seguinte. Aí, acontece um desastre com o trem que ela não pegou, e muitos morrem ou ficam feridos. A pessoa foi salva graças ao trabalho do Espírito Guardião, que conhece antecipadamente o destino de quem lhe foi confiado no Mundo Material.
A quantidade de elos espirituais varia de acordo com a posição que o homem ocupa. Numa família, quem os possui em maior número é o chefe, ligando-o com os familiares, com os empregados, com os amigos, etc. Tratando-se do presidente de uma firma, possui elos com todos os funcionários; se for homem público, como prefeito de uma cidade, governador de estado, primeiro-ministro, presidente, imperador, etc., tem elos espirituais com todos aqueles que estão sob sua administração ou governo. Quanto mais elevada a posição do homem, maior se torna o número de seus elos espirituais. Sendo assim, a personalidade de um líder tem que ser nobre, porque, se no seu espírito houver impurezas, isso se refletirá nocivamente sobre grande número de pessoas, atuando sobre o pensamento delas. O primeiro-ministro de um país, por exemplo, deve ser um homem de grande personalidade; além de muita sabedoria, deve ter muita sinceridade. Caso contrário, o pensamento do povo se deteriora, a moral relaxa, e o número de criminosos torna-se cada vez maior. Principalmente os educadores, se soubessem que seu caráter se reflete sobre os alunos através dos elos espirituais, deveriam tornar-se pessoas dignas de exercerem essa profissão, procurando constantemente aperfeiçoar o próprio espírito.
Os religiosos – especialmente os fundadores, presidentes ou ministros de uma religião – sendo venerados por grande número de fiéis como deuses vivos, devem ter muito cuidado, pois exercem uma influência notável. Se praticarem atos condenáveis, aproveitando-se de sua posição, isso se refletirá no conjunto dos fiéis, e essa religião acabará por se desmoronar, pois aqueles atos serão do conhecimento de todos.
Mas não é só o homem que tem elos espirituais. Também Deus tem elos que O ligam aos homens. A diferença é que os de Deus possuem uma luz intensa, e os do homem, mesmo dos mais elevados, possuem luz tênue; em geral são como linhas branco-acinzentadas. Quanto mais perversa for a pessoa, mais escuros serão os seus elos espirituais. Comumente, ao escolhermos amigos, desejamos que sejam pessoas boas, pois, misturando-se com o bem, o homem torna-se bom, e misturando-se com o mal, torna-se mau, graças às influências transmitidas pelos elos espirituais.
Mesmo entre as entidades há os justos e os satânicos. Se o homem sempre venerar as divindades, seu espírito será purificado, porque elas têm elos espirituais intensamente luminosos. Se venerar as entidades satânicas, ao invés de luz, receberá fluidos maléficos que afetarão seu pensamento, e por isso se tornará infeliz. Portanto, para seguir uma Fé, é essencial o homem discernir o bem e o mal. A intensidade da luz varia conforme o nível da divindade. Quanto mais elevada ela for, maior número de milagres promoverá, porque a luz dos seus elos espirituais é muito mais forte.
Existe atividade dos elos espirituais não só no homem, mas em todas as coisas. Por exemplo: a casa onde residimos, os objetos que sempre usamos, entre os quais roupas e jóias, e principalmente as coisas de que mais gostamos, possuem conosco um elo espiritual mais grosso. Numa antiga revista espiritualista dos Estados Unidos, foi publicada uma reportagem sobre uma senhora que tinha um poder misterioso: pelos objetos, ela identificava a fisionomia, a idade e as atividades recentes do seu dono. Quando contemplava atentamente um objeto, tinha a impressão de estar diante da fotografia da pessoa. Isso ocorria por causa do elo espiritual existente entre a pessoa e o objeto. Através desse exemplo podemos perceber como é sutil e profunda a atuação dos elos espirituais.
Recentemente, começaram a fazer pesquisas científicas sobre os chamados raios cósmicos, os quais, a meu ver, são os elos espirituais que unem a Terra aos outros astros. Desde que foi criada, a Terra mantém o equilíbrio no espaço graças aos elos espirituais dos astros ao seu redor, que a atraem. Esses elos, cujo número é incalculável – milhões ou bilhões – penetram até o centro da Terra. Aproveitando a oportunidade, vou explicar rapidamente a relação entre a Terra e o Céu (espaço sideral).
Eles são como dois espelhos, um em frente ao outro. No espaço sideral há dois tipos de astros: os luminosos e os opacos. Por não ter luz, o astro opaco não se torna visível aos olhos humanos, mas, com o passar do tempo, vai se transformando em astro luminoso, pelo endurecimento de matérias cósmicas; ao atingir o máximo de endurecimento, começa a brilhar. É por esse motivo que o mineral mais duro existente na Terra – o diamante – é o que mais brilha.
Na época da criação do nosso planeta, o número de astros visíveis era tão pequeno como o das estrelas durante a madrugada. Esse número cresceu proporcionalmente ao aumento da população; portanto, assim como é impossível calcular o aumento da população humana no futuro, é impossível calcular o aumento do número de astros. Freqüentemente os astrônomos descobrem novos astros, mas o que realmente acontece é a transformação de um astro opaco em astro luminoso, o qual passa a ser percebido pelos olhos humanos. Quanto às estrelas cadentes, representam a ação de desintegração das estrelas, e o meteoro é um fragmento delas.
Todos os astros exercem influência sobre a humanidade: não só os grandes planetas, como Júpiter, Marte, Saturno, Vênus, Mercúrio e outros, mas também as inumeráveis estrelas – grandes, médias e pequenas. Assim como se destacam os cinco grandes planetas citados, em cada época existem cinco personalidades mundiais. Também acho interessante compararem o homem às estrelas, e, referindo-se a personalidades renomadas, falarem em “passagem de uma grande estrela”, ou “queda de uma estrela”.
A História registra que inclusive no Ocidente houve uma época em que se dava muita importância à Astrologia, e os mestres religiosos consultavam os astros para ver a sorte ou o infortúnio, a felicidade ou a infelicidade do homem, para analisar as doenças, etc. A Astrologia teve, pois, uma importância mundial. Na China, a ciência da adivinhação também tomava por base os nove planetas. Para mim, não é sem cabimento o interesse que os antigos tinham pelo estudo dos astros.
25 de outubro de 1949



A RESPEITO DOS SONHOS

Constantemente me fazem perguntas a respeito dos sonhos, por isso vou falar sobre esse tema.
Talvez não haja uma só pessoa que não sonhe, ao dormir. Os sonhos podem ser de vários tipos: mensagens das divindades, avisos do Espírito Guardião, sonhos com pessoas nas quais nem pensamos, sonhos que vêm a se concretizar de forma idêntica ou contrária ao que se sonhou, etc.
A palavra “yume” (sonho) é resultante da condensação de “yumei”, palavra com que se designa o nebuloso mundo após a morte. Isso quer dizer que o espírito se liberta do corpo enquanto dormimos e vai para esse mundo nebuloso. Nessa ocasião, aquilo que temos no nosso subconsciente e os nossos desejos constantes aparecem nas formas mais variadas, sem sentido algum. Quando o espírito se evade para o Mundo Espiritual, fica ligado ao corpo pelo elo espiritual; quando a pessoa acorda, ele volta instantaneamente.
A mensagem das divindades através de sonhos restringe-se às pessoas que têm fé. O espírito Divino que é alvo de sua fé dá-lhes avisos sempre que houver alguma necessidade. Os avisos do Espírito Guardião aparecem geralmente sob forma de alegoria, precisando ser interpretados. Como já disse muitas vezes, o Mundo Material é um reflexo do Mundo Espiritual, onde tudo acontece primeiro. Por isso, nosso Guardião, que está neste último, utiliza-se dos sonhos para nos alertar. Os pressentimentos que temos comumente são avisos seus.
Há alguns pontos que devemos esclarecer. Dizem que não sonhamos quando dormimos profundamente, mas é um engano. Naturalmente, quando estamos muito cansados, não sonhamos; no caso de sono não muito profundo, podemos sonhar. Contudo, não devemos nos preocupar com isso, pois, se sonharmos mesmo nessa circunstância, é porque estamos realmente dormindo. Às vezes eu até chego a sonhar durante um ou dois minutos quando converso com as pessoas, e também quando estou dormindo em pé, no ônibus, porém isso não quer dizer nada.
As pessoas que sonham ficam preocupadas, achando que não são inteligentes, mas isso não é verdade. Eu, por exemplo, quando era jovem, quase não sonhava, e acho que naquela época era menos inteligente do que hoje.
25 de janeiro de 1949



ORIGEM DAS CALAMIDADES


AS TRÊS GRANDES CALAMIDADES
E AS TRÊS PEQUENAS CALAMIDADES

Vou explicar o significado fundamental das Três Grandes Calamidades – vento, chuva e fogo – e das Três Pequenas Calamidades – fome, doença e guerra – comentadas desde eras remotas.
O vento e a chuva são ações purificadoras do espaço entre o Céu e a Terra, causadas pelas máculas acumuladas no Mundo Espiritual, isto é, impurezas invisíveis. Dispersá-las com a força do vento e lavá-las com a chuva, é a finalidade da tempestade. Mas que máculas são essas e de que forma se acumulam?
São máculas formadas pelos pensamentos e palavras do homem. Pensamentos que pertencem ao mal, como ódio, insatisfação, inveja, cólera, mentira, desejo de vingança, apego, etc., maculam o Mundo Espiritual. Palavras de lamúria, inclusive em relação à Natureza, como, por exemplo, comentários desairosos sobre o tempo, o clima e a safra, censuras e agressões às pessoas, gritos, intrigas, cochichos, enganos, repreensões, críticas e outras coisas desse gênero também partem do mal e maculam o Reino Espiritual das Palavras, que, em relação ao Mundo Material, situa-se antes do Reino do Pensamento. Quando a quantidade de máculas acumuladas ultrapassa certo limite, surge uma espécie de toxinas que causarão distúrbios na vida humana, e então ocorre a purificação natural. Essa é a Lei do Universo.
Como expliquei, as máculas do Mundo Espiritual, ao mesmo tempo que influenciam a saúde do homem, afetam as ervas, as árvores e principalmente as plantações, tornando-se a causa da má colheita e do alarmante aparecimento de insetos nocivos. É esse o motivo pelo qual, atualmente, estão surgindo pragas que secam pinheiros e cedros em todas as regiões do Japão. Portanto, se os japoneses não se elevarem muito, será difícil evitar que isso aconteça. Em outras palavras: os erros dos próprios japoneses estão secando os pinheiros e os cedros do seu país, de modo que eles precisam moderar bastante o seu pensamento e as suas palavras.
Tal como nas calamidades naturais, nas calamidades humanas também há algo de aterrorizador, principalmente na guerra – aquela que maiores danos causa ao homem. Sobre as causas da guerra, apresentarei uma tese nova, que poderá surpreender, por ser algo fora de qualquer expectativa. Gostaria de que os leitores lessem com toda a atenção.
A guerra é a luta de grupos, e até hoje a humanidade tem demonstrado mais propensão a ela que à paz. E não é só internacionalmente. Observando cada região de um país, veremos que quase não há lugares sem conflito. Nas repartições, nas firmas, nas associações, enfim, em qualquer grupo, sempre há lutas nos bastidores, ininterruptamente, e as pessoas vivem se criticando e se rejeitando. Observamos, ainda, conflitos entre profissionais, conflitos no lar, entre casais, entre irmãos, entre pais e filhos, conflitos entre amigos, etc. O homem realmente aprecia muito os conflitos. Notamos que freqüentemente eles ocorrem até no interior de transportes, ou na rua, com os transeuntes. Creio ser desnecessário continuar enumerando todos os conflitos que existem entre os homens. Vou explicar a causa dessa tendência humana.
Todas as pessoas possuem toxinas de diversas espécies, inatas ou adquiridas após o nascimento. Essas toxinas se acumulam no local em que os nervos são mais instados pelo homem, isto é, do pescoço para cima. Mesmo que as mãos e os pés estejam descansando, órgãos como o cérebro, os olhos, o nariz, a boca, os ouvidos e outros estão em constante ação enquanto o homem se encontra acordado. É natural, portanto, que as toxinas se reúnam nas proximidades desses órgãos. Essa é também a causa do enrijecimento da região do pescoço e dos ombros, de que muitos se queixam. À medida que as toxinas se acumulam, vão se solidificando, e, quando a solidificação atinge certo estágio, surge a ação contrária, isto é, a dissolução e eliminação, a que nós chamamos processo purificador. Ele é sempre acompanhado de febre, que surge para dissolver as toxinas solidificadas e, assim, facilitar a sua eliminação. Essa purificação natural é o resfriado; excreções como escarro, coriza, suor, etc., representam eliminação das toxinas.
A grande maioria das pessoas estão constantemente em processo de purificação, com resfriado ameno, mas, sendo ele quase imperceptível, elas se julgam sadias, o que não corresponde absolutamente à verdade. Caso se submetam a um exame minucioso, será constatado, infalivelmente, que elas têm um pouco de febre da cabeça aos ombros, apresentando, entre outros sintomas, peso e dor de cabeça, secreção ocular, coriza, zumbido no ouvido, piorréia e enrijecimento do pescoço e dos ombros. Por isso, sempre há uma certa indisposição. Essa indisposição é a origem da ira, que se concretiza em forma de conflito, cujo aumento, por sua vez, acaba em guerra. Assim, para extinguir o espírito belicoso, só há um método: eliminar aquela indisposição. Eis por que, quando a pessoa se sente bem, não se incomoda ao ouvir alguma coisa desagradável, mas, se ela está indisposta, não consegue evitar a ira. Creio que quase todos já tiveram essa experiência.
É muito comum vermos bebês que choram muito. Geralmente se diz que eles são nervosos, mas, se forem examinados, sempre se constatará um pouco de febre em sua cabeça e na região dos ombros. Embora se trate de bebês, muitos têm os ombros endurecidos. Em tais casos, com a ministração de Johrei, as toxinas diminuirão, cessará a febre e eles deixarão de chorar constantemente. Com as crianças que facilmente se irritam acontece o mesmo, mas por meio do Johrei o problema se resolve, e elas se tornam obedientes; além disso, seu nível de aproveitamento escolar também melhorará. O conflito entre casais tem a mesma origem; recebendo Johrei, eles conseguirão se harmonizar.
Como a causa fundamental do conflito é a febre decorrente da dissolução das toxinas da cabeça e da região do pescoço e dos ombros, o único meio de solucioná-lo é eliminar completamente a febre. Então não será exagero afirmar que o Johrei da nossa Igreja, apesar de o mundo ser tão grande, é o único, inigualável, absoluto e radical meio de eliminação do conflito. O mesmo podemos dizer em relação a todos os problemas que hoje constituem motivo de sofrimento.
Ideologias destrutivas ou que fomentam lutas de classes, também têm origem na insatisfação e nas queixas provenientes da indisposição das pessoas. Muitos, para fugirem dela, inconscientemente procuram sensações fortes, e isso, evidentemente, resulta em crimes, alcoolismo, devassidão, ociosidade, brigas, etc.
Fazendo mau uso da razão, os materialistas ambiciosos de cada época geram o aumento da insatisfação e das queixas, instigam a guerra e provocam a revolução social de caráter nocivo. Conseqüentemente, para se construir a paz eterna sobre a Terra, em primeiro lugar se deve erradicar a indisposição de cada homem e aumentar-lhe o bem-estar. Não há dúvida de que, assim, o ser humano abominará o conflito e amará a paz.
13 de agosto de 1949

A TEMPESTADE

É UMA CALAMIDADE HUMANA

Desde tempos remotos os tufões e as inundações são considerados calamidades naturais. Todo mundo os aceita como fenômenos inevitáveis. No meu ponto de vista, entretanto, são calamidades humanas. Vou explicar por quê.
Atualmente, os cientistas objetivam a diminuição de tais ocorrências através da pesquisa e do progresso da meteorologia. No Japão, são aplicadas anualmente enormes quantias em instalações adequadas a esse fim. Vem se desenvolvendo um esforço constante, e de fato se têm obtido alguns resultados, mas parece que dificilmente se atingirá o objetivo final. Somente no Japão, os prejuízos anuais causados por tufões e inundações elevam-se a uma soma realmente alta. No recente tufão perderam-se 6.500.000 sacos de arroz, 4.229 casas ficaram danificadas ou foram carregadas pela água, 144 pessoas desapareceram ou morreram, e o número de feridos atingiu vários milhares. Além disso, os prejuízos com plantações e com estragos nas rodovias, construções e instalações, segundo declaração do órgão competente, atingiram mais de duzentos e cinqüenta milhões de dólares. Vemos, pois, a enormidade dos prejuízos. Somando-se, também, os danos materiais e morais causados por grandes e pequenos tufões, várias vezes ao ano, creio que o resultado será gigantesco, difícil de calcular.
Em face de tal situação, mesmo que não haja possibilidade de exterminar essas calamidades, é necessário fazer todo esforço para que os danos sejam os menores possíveis. O Governo e o povo estão empregando todos os métodos praticáveis, mas há falta de verbas e a aparelhagem não chega nem de longe ao montante previsto. Se as deficiências persistirem, é claro que não se encontrará solução para o problema.
Nas condições atuais, em que se depende apenas da pesquisa meteorológica, é impossível prestar auxílio em casos de urgência. Dizemos impossível porque as pesquisas científicas estão baseadas no materialismo, isto é, pesquisa-se somente a parte superficial das coisas, sem se procurar descobrir o seu interior. Para solucionar o problema, só há um recurso: apreender a essência desse interior e providenciar a prevenção das calamidades. Mas aí surge a pergunta: É possível conhecer as causas fundamentais do problema? Eu gostaria de provar que sim.
Inicialmente direi que a tempestade é a ação purificadora do espaço acima da Terra, isto é, daquilo que chamamos de Mundo Espiritual, pois até nele há uma constante acumulação de impurezas. Materialmente falando, é como acumular poeira numa cidade ou numa casa. Só que, como o Mundo Espiritual é invisível, o homem não percebe o acúmulo de impurezas. Se até hoje essa percepção não foi possível, é porque a educação está voltada apenas para a matéria, negligenciando os estudos espirituais. Sempre falamos que essa é a maior falha da humanidade. Se ela não reconhecer a existência do Mundo Espiritual e não fizer pesquisas baseadas nesse conhecimento, não lhe será fácil compreender o princípio da tempestade. Sendo assim, a missão original da Religião é fazer reconhecer a existência do Mundo Espiritual, ignorado e negado por quase todos. Entretanto, parece-me que as antigas religiões sempre se mostraram desinteressadas em relação ao assunto, o que eu acho muito estranho. Mas deixemos isso de lado.
Como já expliquei em outras oportunidades, quando se acumulam impurezas no Mundo Espiritual, surge naturalmente uma ação purificadora. O vento dispersa as impurezas e a água as lava: eis o que é a tempestade. Realmente, não há nenhuma diferença entre ela e a limpeza que se faz diariamente no Mundo Material. Portanto, identificar a causa dessas impurezas é a única chave para solucionar o problema.
A impureza é a mácula criada pelo pensamento, pela palavra e pela ação do homem. Isto é, os maus pensamentos, más palavras e más ações do ser humano influenciam o Mundo Espiritual, gerando máculas. Por essa razão, em face da freqüente ocorrência de grandes tufões, podemos compreender como os pensamentos se tornaram maus, quantas más palavras são pronunciadas e quantas más ações são praticadas. Direi, entretanto, que há uma maneira extremamente fácil de eliminar as máculas: basta que a situação se inverta, ou melhor, que os pensamentos, as palavras e as ações do homem se tornem bons. Em outros termos: através do bem, purificar o Mundo Espiritual maculado pelo mal. Nesse caso, o bem transforma-se em luz para eliminar as máculas. Os hinos cristãos, os sutras budistas e as orações xintoístas são preces de Amor e Louvor e por isso contribuem para a limpeza do Mundo Espiritual. Se elas não existissem, os tufões seriam ainda mais violentos.
Diante do exposto, podemos afirmar que quem gera o tufão é o homem, e ele próprio sofre com isso. Realmente, a natureza é perfeita. A tempestade é um fenômeno semelhante ao processo de purificação conhecido como doença, o qual surge no corpo humano quando nele se acumulam impurezas. Portanto, como método para prevenir a tempestade, basta que compreendam esse princípio e deixem de praticar o mal, passando a praticar o bem. É preciso reconhecer que, além deste, não há outro método que apresente soluções radicais.
24 de setembro de 1949



CONSIDERAÇÕES ESPIRITUAIS

SOBRE OS INCÊNDIOS

Todos sabem como surgem os incêndios. Os jornais estão sempre publicando notícias de incêndios causados por fósforo, cigarro, aquecedor elétrico, etc. Geralmente eles acontecem por descuido do homem, não vamos negar que isso seja verdade. Mas creio que, na posição de religiosos, devemos procurar descobrir a causa espiritual dos incêndios.
A doença, como sempre explicamos, é a ação purificadora do corpo humano. Quando as toxinas que nele se acumulam atingem certa quantidade, causam distúrbios à saúde, surgindo, então, a ação para eliminá-las, isto é, a ação de limpeza. Sem ela, não é possível o homem manter a saúde; é uma Lei Universal e, realmente, uma grande dádiva de Deus. Como a Ciência ainda não conseguiu descobrir esse princípio, interpreta a doença de forma completamente errada. Apesar de todo o progresso, o fato é que a humanidade continua sofrendo, pois a Ciência mostra-se impotente ante o elevado número de pessoas enfermas.
Talvez achem incoerência falar de doença para explicar as causas do incêndio, mas, na verdade, a causa de ambos é a mesma, visto que o incêndio também é uma ação purificadora. O mesmo podemos dizer em relação à tempestade. Nesse caso, há um acúmulo de impurezas no Mundo Espiritual, isto é, máculas motivadas pelos maus pensamentos, más palavras e más ações do homem, e a tempestade sobrevém como ação purificadora dessas máculas. Quer dizer, as impurezas dispersas pelo vento, são lavadas e carregadas pela água e secas pelos raios solares. Assim se processa a purificação.
Como esclareci, a doença é a ação purificadora do corpo humano, e a tempestade é a purificação do espaço acima da terra. Mas as casas, os edifícios e outros tipos de construções, quando as máculas neles acumuladas atingem certo ponto, também sofrem uma ação purificadora: o incêndio. A origem de tais máculas é o dinheiro impuro que se empregou nessas construções ou o acúmulo de más ações praticadas por aqueles que as utilizam.
Sobre isso, outrora ouvi um caso interessante, relatado por uma senhora vidente. Alguns anos antes do grande terremoto que atingiu a Região Leste, andando pelas ruas da cidade de Tóquio, ela viu rústicos barracões enfileirados, em lugar dos altos prédios. Achou esquisito, mas, quando ocorreu o terremoto, entendeu o significado do que vira. Como sempre falamos, tudo acontece primeiro no Mundo Espiritual, isto é, pela Lei do Espírito Precede a Matéria a purificação ocorre primeiro no Mundo Espiritual e depois se reflete no Mundo Material.
Por ocasião do último incêndio de Atami, o edifício onde funcionava a sede provisória da nossa Igreja foi salvo, apesar de ter sido envolvido pelas chamas. Isso aconteceu, naturalmente, porque nele não havia impurezas. Assim, se materialmente fizermos construções à prova de fogo e nos esforçarmos espiritualmente para não maculá-las, elas não se incendiarão, deixando de oferecer qualquer perigo.
A esse respeito, talvez surja uma dúvida: que não há razão para cidades à prova de fogo, como as do Ocidente, virem a incendiar-se, mesmo havendo impurezas. Entretanto, não existe outra explicação para o fato de muitas cidades terem sido destruídas por bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, a não ser o princípio que acabamos de expor. É preciso saber que realmente as Leis do Universo são absolutamente invioláveis.
20 de maio de 1950



INCÊNDIO E JOHREI

São freqüentes as experiências de fé relatadas por pessoas que, por ocasião de um incêndio, conseguiram fazer mudar a direção do vento ministrando Johrei, quando as chamas já haviam atingido a casa do vizinho. Isso acontece porque o incêndio é a ação purificadora através do fogo. Quando se acumulam impurezas na matéria, o espírito também está impuro; conseqüentemente, o fogo alastra-se com facilidade. Ao se ministrar Johrei, essas máculas desaparecem; deixando de existir aquilo que deveria ser queimado, o fogo muda de direção. Realmente a Natureza é perfeita. Portanto, para acabar com os incêndios, é preciso, antes de tudo, evitar que o espírito da matéria se macule; não há outro processo para exterminá-los radicalmente. Assim, em primeiro lugar, devemos entronizar a Imagem da Luz Divina em nosso lar, para purificar o mundo espiritual da família.
Nos últimos tempos tem havido incêndios em várias regiões. São muitas as casas destruídas pelo fogo, numa época em que já há grande falta de residências, de modo que, embora se esteja construindo muito, o problema continua sem solução. E o incêndio não causa apenas danos materiais, mas também grandes danos morais. Além disso, sabemos que não é pequena a mão-de-obra necessária para reconstruir aquilo que foi destruído, nem são poucos os prejuízos com a suspensão do trabalho, no caso de uma empresa. Diante de tal situação, as autoridades competentes estão fazendo um esforço desesperado para solucionar o problema, mas inutilmente, porque não compreendem as bases espirituais acima explicadas.
Para terminar definitivamente com os incêndios no Japão, é preciso que a grande maioria de seus habitantes se tornem fiéis da nossa Igreja. Todavia, como creio que isso é impossível atualmente, não há outro recurso senão utilizar métodos materiais contra os incêndios e esperar, dando tempo ao tempo, pois acredito que, futuramente, Deus solucionará o problema.
20 de fevereiro de 1952

3 comentários:

  1. Os ensinamentos de Meishu-Sama sai de uma preciosiodade e se oraticarmos tanto no mundo espiritual como o mundo material, vão entrar em sintonia. Privalvemente receberemos muita dadivas de Deus.

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  2. Graças A Deus E Ao Meishu Sama, Hoje Ganhei Nova Vida...

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