terça-feira, 5 de maio de 2015

As plantas têm vida

Gosto muito de cuidar das plantas do jardim e sempre corto seus galhos, arrumando-lhes o formato. De vez em quando, porém, sem perceber, acabo cortando demais ou deixando de cortar onde é necessário. Às vezes, quando vou plantar uma árvore, não havendo outra alternativa, por causa do espaço, planto-a num lugar que não é do meu agrado e deixo a parte da frente para trás, ou meio de lado, o que me incomoda, toda vez que a observo. Mas é engraçado, pois, com o passar do tempo, vejo que a árvore vai se acomodando aos poucos, por si mesma, até que acaba se harmonizando perfeitamente com o lugar. Acho isso interessantíssimo e não posso deixar de pensar que ela está viva. Certamente, as árvores também possuem espírito. Nesse ponto, assemelham-se ao homem, que cuida de sua aparência para não passar vergonha perante os outros.
Tempos atrás, ouvi um velho jardineiro contar que, quando uma planta não dava flores como ele queria, dizia-lhe estas palavras: "Se este ano você não der flores, vou cortá-la". Assim, ela não deixava de florir. Ainda não experimentei fazer isso, mas o fato parece-me verossímil. Não há erro em lidarmos com qualquer elemento da Grande Natureza acreditando que ele possui espírito. Num livro que li, de autor ocidental, dizia-se que uma árvore que geralmente leva quinze anos para crescer, tendo sido cuidada com amor e dedicação, cresceu da mesma forma na metade do tempo, isto é, em sete ou oito anos.
O mesmo pode ser dito em relação às vivificações florais. Eu próprio vivifico as flores de todos os compartimentos de minha casa; entretanto, ainda que elas não estejam do meu completo agrado, deixo-as assim mesmo. No dia seguinte, noto que elas estão diferentes, com um aspecto agradável, como se realmente estivessem vivas. Nunca forço o formato das flores; vivifico-as da maneira mais natural possível. Por isso, elas ficam cheias de vida e duram mais. Se mexermos muito, as flores perdem sua graça natural, o que não acho bom. Assim, quando vamos vivificá-las, devemos, primeiramente, imaginar como iremos fazê-lo, para depois cortá-las e fixá-las rapidamente. Isso porque, tal como os seres vivos, quanto mais mexermos, mais fracas elas ficam. Esse princípio também se aplica ao homem. Com os pais, por exemplo: quanto mais cuidados tiverem na criação dos filhos, mais fracos eles serão.
Como vivifico as flores dessa maneira, minhas vivificações duram mais do que o dobro do normal, e todos se admiram. Em geral não se usa bambu e bordo - certamente porque não duram muito - mas eu gosto de vivificá-los, e eles sempre duram de três a cinco dias; às vezes o bambu dura mais de uma semana, e o bordo, quase duas. Além disso, qualquer que seja a flor, não mexo em seus cortes, deixando-as ao natural.


 5 de Agosto de 1953

Sejam sempre homens do presente

O homem deve progredir e elevar-se continuamente, sobretudo aqueles que possuem fé.
Entretanto, quando tocamos em assuntos religiosos, as pessoas costumam julgar-nos antiquados e conservadores. Não podemos negar que essa é uma tendência dos fiéis em geral; porém, com os messiânicos, dá-se justamente o contrário, ou melhor, eles devem esforçar-se para ser o contrário.
Observemos a Natureza. Ela procura renovar-se e progredir constantemente, sem um minuto de interrupção. O número de seres humanos aumenta de ano para ano. As terras vão sendo exploradas todos os anos. Vemos maiores e melhores vias de transporte - obras cuja construção demonstra crescente arrojo arquitetônico - e maquinarias cada vez mais perfeitas. As ervas e as árvores crescem em direção ao Céu. Tudo isso mostra que nada regride.
Ora, se tudo continua evoluindo, é natural que os homens também devam evoluir continuamente, seguindo o exemplo da Natureza. Nesse sentido, eu mesmo faço esforço para elevar-me e progredir cada vez mais; este mês, mais do que no mês anterior; este ano, mais do que no ano passado.
Mas progredir somente na parte material, isto é, nos negócios, na profissão e na posição social, não passa de algo sem base, algo demasiado superficial, como uma planta sem raiz. É indispensável o progresso do espírito, isto é, a elevação da individualidade. Portanto, devemos prosseguir passo a passo, pacientemente, visando à perfeição, principalmente no que se refere à espiritualidade. Com a elevação gradual do espírito, a personalidade também florescerá e, sem dúvida alguma, essa atitude de contínuo progresso conquistará a confiança do próximo, facilitará os empreendimentos e tornará a pessoa feliz.
Os jovens da atualidade talvez encarem estas palavras como moral antiquada e já superada; entretanto, é pondo em ação tais palavras  que as criaturas poderão, verdadeiramente, ficar atualizadas. Os homens que não pensam e não agem assim, desejando evoluir apenas materialmente, ficam estacionados. Não progridem nem são progressistas. Parecem-me antiquadíssimos, observados deste ponto de vista. Seus pensamentos e assuntos são sempre os mesmos, não apresentam nada de especial. Palestrar com essas pessoas não me desperta nenhum interesse, pois elas se limitam a assuntos triviais, não falando de Religião, de Política, de Filosofia e muito menos de Arte.
O ideal seria que todos os fiéis da nossa Igreja se interessassem em progredir e elevar-se cada vez mais. Como visamos a corrigir a civilização errônea e construir um mundo ideal, os messiânicos devem procurar, nesta época de transição do mundo, ser sempre homens atualizados, vivendo em sintonia com o século XXI, que se aproxima.
Eis o sentido do meu costumeiro conselho: sejam homens do presente.

11 de Outubro de 1950